( tania rivera )

O Avesso do Imaginário, Arte Contemporânea e Psicanálise


sinopse
O avesso do imaginário percorre as relações atuais entre arte e psicanálise. Nascida num ambiente cultural onde a ousadia e as inovações davam o tom – a Viena fin-de-siécle – e concebida por um homem sensível às manifestações da cultura, a psicanálise logo entrou para a circulação sanguínea da arte. Na França, com a barreira inicial nas faculdades de medicina, os livros de Freud foram  acolhidos em vários círculos de artistas, especialmente no grupo surrealista, em torno do qual orbitava um jovem Lacan.

Desde já uma referência, este livro estabelece um caminho de mão dupla entre dois campos, tomando como fio condutor a desestabilização da noção de sujeito e sua relação com o Outro em várias dimensões da arte contemporânea, através de obras de artistas como Joseph Kosuth, Gary Hill e Louise Bourgeois, além dos brasileiros Lygia Clark, Hélio Oiticica, Milton Machado, Ernesto Neto, Waltercio Caldas e Cildo Meireles. (sinopse proposta pela editora/contra capa).

resenha
A relação entre arte e psicanálise - e mais particularmente ainda -, entre arte contemporânea e psicanálise merecia há tempos um livro à altura de sua relevância e densidade. Talvez ele ainda não tivesse sido escrito pelas inúmeras dificuldades que comporta: exige um autor que conheça bem ambos os campos e tenha erudição e estilo suficientes para apresentá-los e relacioná-los de modo ao mesmo tempo rigoroso e convidativo à leitura, isto é, sem ser maçante ou hermético. O livro em questão consegue essa proeza ao apresentar um tema árduo a um leitor que não precisa necessariamente ser especialista em um ou outro desses terrenos. E faz isso construindo um diálogo de alto nível com alguns dos maiores expoentes da filosofia, da psicanálise e da arte. Tarefa para poucos, muito poucos, e que só podemos festejar que a autora não tenha recuado diante dela. A composição múltipla da obra, dividida em quatro partes de três capítulos cada (com exceção da última parte, composta por quatro capítulos), não deixa de sobressair uma nítida linha de força que conduz à elaboração do texto. Os diversos ensaios, ao mesmo tempo que dialogam entre si, também constituem unidades temáticas que mereceriam ser exploradas com toda singularidade que exigem: o trabalho de um artista específico, a operação com algum termo/conceito da teoria psicanalítica etc. Nessa polifonia, a linha argumentativa comum concerne à subversão dos regimes ou sistemas de representação operada simultaneamente pela arte e pela psicanálise. É por esse fio condutor - enunciado no título mesmo do trabalho O avesso do imaginário - que os campos em enlace merecem e precisam ser adjetivados. Pois não se trata de uma arte genérica que está em causa, nem de uma psicanálise qualquer, pois nem toda psicanálise é subversiva. É da arte contemporânea e da psicanálise de herança freudo-lacaniana que se trata no livro e da subversão operada pelos autores e artistas que se inscrevem nessa tradição.  (Trecho da resenha de Maria Cristina Poli: POLI, M. C Revirando o imaginário – arte contemporânea e psicanálise. Revista latinoamericana de psicopatologia fundamental. V. 17, n. 4, São Paulo, 2014).   

trecho   
Gosto de pensar na relação entre arte e psicanálise como uma fita de Moebius – figura topológica que surgira muitas vezes ao longo desse livro. Assim como posso, passeando o dedo pela sua superfície, passar de dentro para fora e logo, em continuidade, de fora para dentro, tento deslizar entre os dois campos de modo a dar voz ora a um, ora ao outro, pondo em prática uma torção que talvez defina a ambos. 
Mais do que forçar um diálogo entre dois campos bem delimitados culturalmente,  trata-se aqui da tentativa de explicitar algo que ambos exploram de modos diferentes: uma reversão do eu e do mundo, uma "cambalhota no cosmos sobre si mesmo" – como dizia Mario Pedrosa – que nos convida a reconfigurar a relação com nós mesmos e com o outro. Tal convite, como uma mensagem de náufrago jogada ao mar, é um gesto efêmero que pode nunca chegar ao seu destino, mas repete-se como endereçamento e assim pode se transmitir de modo sempre imprevisível. Esse gesto vai (re)construindo, assim, a cultura como "raiz aberta", para usar a expressão de Hélio Oiticica: algo que já está lá mas deve ser reinventado, em um incessante apelo ao outro. 

Essa reconstrução da cultura e do sujeito é necessariament polifônica, implicando, é claro, outros campos do saber que tentamos aqui convocar, especialmente com alguns autores da filosofia. Conto que essa polifonia possa encorporar cada vez mais vozes, outros timbres, novas línguas. (Introdução, página 11-12).         

capa  

referência bibliográfica
RIVERA, T. O Avesso do Imaginário. Arte Contemporânea e Psicanálise. São Paulo: Cosac Naify, 2013. v. 1. 429p. (primeira edição)

RIVERA, T. O Avesso do Imaginário. Arte Contemporânea e Psicanálise. São Paulo: SESI, 2018. v. 1. 429p. (segunda edição)

sobre o livro

          com Ernani Chaves e Claudio Oliveira
          mesa-redonda ANPOF sobre o  avesso do imaginário, arte contemporânea e           psicanálise
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          para 'cultura no divã'
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ficha técnica da segunda edição
título: o avesso do imaginário, arte contemporânea e psicanálise
isbn: 9788550403373
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 14 x O ab21
páginas: 432
ano de edição: 2018
edição: 1ª

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