Programa
APRESENTAÇÃO
OFICINAS 12 e 15 Set
- I Criação Sonora com Códigos- 12 e 13 Set
- II Transpor a Paisagem Sonora - 14 Set
- III Ambiente Entre Ouvidos -15 Set
ABERTURA 19 Set
PERFORMANCES II 20 Set
SEMINÁRIO 20 a 22 Set
- I Objectualidade Sonora & Por uma Bienal à Escuta 20 Set
- II Ataques, Fantasmagorias e Intervenções Sonoras - 21 Set
- III Escrita Escuta Processo - 22 Set
PERFORMANCES III 23 Set
SESSÕES ESCUTA CINEMA 26 a 29 Set
MOSTRA
EQUIPE
LOCAIS
APRESENTAÇÃO
O 3º SomaRumor Encontro Latino Americano de Arte Sonora é um evento dedicado às produções contemporâneas que utilizam o sonoro como meio de expressão em múltiplos formatos. O Encontro oferece uma variedade de atividades, incluindo Mostra (performances, instalações, intervenções), Oficinas, Seminários (palestras e mesas redondas) e Sessões de Escuta.
No contexto contemporâneo a arte sonora ganha cada vez mais espaço e reconhecimento. No Brasil sua produção é difusa, com poucos eventos dedicados ao tema e raras ações que possibilitam introduzi-la ao grande público. Em sua terceira edição o SomaRumor segue com o propósito de difundir e integrar a arte sonora local em perspectiva regional e global.
A III Mostra SomaRumor reúne artistas e pesquisadores de mais de trinta países, entre eles: Peru, Bolívia, Brasil, Argentina, México bem como Nigéria, Japão, Líbano, Singapura, Filipinas, Marrocos entre outros. Os trabalhos foram selecionados por diferentes chamadas e comitês curatoriais, tais como a Chamada Aberta de Trabalhos Artísticos e o Programa de Residência Artística do SomaRumor, bem como a parceria com a Bienal Escuta (Listening Biennial), que propõe uma plataforma curatorial descentralizada, conectando artistas globais e comunidades por meio da escuta, rompendo oposições binárias e promovendo diversos modos de existência e cuidado.
Após a 2ª edição, que ocorreu online devido a pandemia, estamos no momento de celebrar o encontro e a presença atravessada por vibrações. O som tem a força de conectar pessoas e promover experiências comuns. Diferente da escuta individualizada dos fones de ouvido, ou, ainda, da escuta fragmentada impulsionada por fluxos de dados e ausência de trocas físicas; o SomaRumor propõe, nesta terceira edição, reforçar o exercício da escuta coletivamente como uma forma de constituição do comum, onde o exercício de escutar é uma forma de construir espaço/tempo à diferença. Neste sentido, dedicar a atenção coletivamente aos trabalhos sonoros contemporâneos é uma forma pedagógica de conectar-se aos fluxos sonoros excluídos das grandes mídias e possibilitar zonas de trocas inaudíveis.
Convidamos todos, interessados em navegar pelo vasto oceano sonoro contemporâneo, a desligar o celular e desplugar os olhos das telas e os ouvidos dos fones. Esse tipo de proposta, quase heróica em tempos de hiperconectividade e monetização da atenção, é um convite ao encontro através do som. Encontro que se dá através das mais diversas entidades vibratórias do contemporâneo; sejam elas silenciosas ou silenciadas, advindas de águas profundas ou periféricas, sejam elas ruidosas ou estridentes, oriundas do choque de entes próximos ou distantes. Bem-vindo ao oceano vibrátil do 3º SomaRumor.
OFICINAs
12 a 15 SET
I - Criação Sonora com Códigos
12 e 13 SET - 14~18h - Sala de Cursos CCJF
Marcello Magdaleno Inscrições
A proposta da oficina é apresentar um panorama das técnicas de produção sonora com códigos, Inteligência Artificial (IA), música generativa, performances audiovisuais e programas de código aberto e gratuitos. Tudo pensado para composição, produção e performance.
Marcello Magdaleno, músico e saxofonista do Rio de Janeiro, é versátil em performance, som, vídeo e poesia. Arquiteto formado (UFRJ, 1996) e mestre em Artes pela UFF, ele está prestes a lançar seu álbum de estreia, "Astronáutico", até o final de 2023. Seu trabalho foi destacado em diversas apresentações, incluindo Espaço Sérgio Porto (Rio de Janeiro), Fundação José Saramago (Lisboa, 2014 e 2016), Tedx Luanda, Sesc 24 de Maio (São Paulo, 2017), e locais internacionais como Otro Tipo (Montevidéu, 2022) e Poetry House (Nova York, 2016). Além disso, suas criações sonoras foram apresentadas em festivais renomados como MonteAudio 2020 (Uruguai) e Tsomani 2020 (Chile). Magdaleno também colabora com o projeto "Sobre o Mar" desde 2012, ao lado do escritor Ondjaki. Suas trilhas sonoras foram destaque em festivais de cinema no Rio (2009 e 2010), Cine PE (2010) e outros.
II -Transpor a Paisagem Sonora
14 SET - 14~18h - Sala de Cursos CCJF
Camila Machado e Felippe Mussel Inscrições
Com viés prático, a oficina se baseia no processo de composição e recomposição de paisagens acústicas do Centro do Rio. De partida, será proposto aos participantes saídas a campo para gravação das sonoridades dos arredores do CCJF visando a criação de um banco de arquivos de diferentes fontes e com propriedades variadas. Ao final, as gravações serão organizadas em um dispositivo musical que permitirá aos participantes executá-las livremente. O objetivo é experimentar transformações na recomposição das paisagens, reforçando seu potencial de construção coletiva.
Camila Machado é cineasta especializada em som e fundadora da Trotoar, produtora independente brasileira. Em seu trabalho de sonidista, destacam-se os premiados filmes “Chão”, “Cadê Edson?”, “Branco Sai, Preto Fica”, “Mariana não vai à Praia”, “Ameaçados” e “Menina Espantalho”. Bacharel e Mestre em Comunicação/Cinema pela UnB e especialista em som pela EICTV - Cuba. Atualmente cursa seu doutoramento em Artes Contemporâneas na UFF, onde pesquisa som como patrimônio cultural imaterial e idealizou o projeto Sonário do Sertão, um acervo virtual de sons do sertão e do cerrado brasileiros. O Sonário foi apoiado pelo Rumos e premiado pelo IPHAN. http://sonariodosertao.com/
Felippe Mussel é Realizador audiovisual e Sonidista. É responsável pelo som de mais de 40 filmes brasileiros nos últimos 15 anos e recebeu prêmios em festivais de cinema no Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Dirigiu o longa-metragem Em busca de um lugar comum (2012) e o curta Espectro Restauración (2022), filmes exibidos em eventos internacionais dedicados ao documentário ao cinema experimental (Jihlava IDFF, Kassel Doc, FICValdivia, L’Alternativa Barcelona, entre outros). É doutorando no Programa de Estudos Contemporâneos das Artes da UFF com bolsa CAPES, onde pesquisa as potências cosmopolíticas do som no campo das artes.
III - Ambiente Entre Ouvidos
15 SET - 14h~17:30 Sala de Cursos CCJF
Gabriel Martinho Inscrições
Ambiente entre ouvidos é uma vivência de escuta coletiva, onde proponho experimentarmos juntos diferentes camadas e espectros da audição humana. Neste sentido, será instigado um gesto cartográfico, pelas ruas do centro da cidade, para investigar a relação entre ouvir e escutar, a partir de ações em grupo, mediadas por ferramentas de alteração da percepção sonora. A atividade será dividida em três etapas: 1) O mergulho: despertando a escuta; 2) O corpo-cardume: deriva silenciosa; 3) Palavra pescada: reverberações e seus contornos. Público-alvo: artistas do som, da imagem e do corpo, além de pessoas interessadas em pesquisas interdisciplinares com campo do sensível (cientistas sociais, urbanistas, jornalistas, terapeutas, ...)
Gabriel Martinho, nascido no Rio de Janeiro, possui mestrado em Cinema Documentário pela Fundación Universidad del Cine de Buenos Aires, é artista sonoro-visual e educador, atuando em zonas periféricas e na Amazônia. Além disso, trabalhou com captação e edição de som e vídeo de filmes premiados internacionalmente. Participou dos projetos de arte sonora Transmissão Fordlândia e Somsocosmos, onde criou coletivamente retratos experimentais de contextos locais, e expôs no Parque Lage e no Saracura. Atualmente, pesquisa a potência ativadora do som na relação entre arte e práticas de cuidado, sendo colaborador na clínica social da Casa Jangada. https://gabrielmartinho.com
ABERTURA
19 SET
18h - ABERTURA MOSTRA RESIDENTES - Galerias CCJF
- MC Martina - Ataques Poéticos em Espaços Urbanos
- Cadu Tenório - gôndola
- Henrique Machado - Sons da Praça 24 de Outubro - Site-specific musical em zonas urbanas
19h - PERFORMANCE I - Teatro CCJF
- Lucca Totti - Quimeras
- Raquel Stolf - Lista de notícias [dream and reality] - Versão PAC
PERFORMANCES II
20 SET
18h Teatro Centro Cultural Justiça Federal
- Cosmo Salisme - Seres Invisíveis
- Orlando Scarpa - Ponto Final
- Taticocteau - Quando você corta o vinil, abre o som.
SEMINÁRIOS
20 a 22 SET
Sala de Sessões Centro Cultural Justiça Federal
20 SET - OBJECTUALIDADE SONORA & POR UMA BIENAL À ESCUTA
- 14h Volker Straebel (DE/US) - Som e Objectualidade
- 15h Brandon Labelle (US/DE), Luisa Santos (PT), Yara Asmar (LB) e Aya Atoui (LB) Políticas do Sensível & Conversas Bienal Escuta
- 16h Intervalo
- 16h30 Mesa Redonda - Perspectivas na Arte Sonora. Luisa Santos (PT), Yara Asmar (LB), Aya Atoui (LB), Volker Straebel (DE/USA), Brandon Labelle (US/DE), tradução Alexandra Joy Forman (US/BR) mediação Giuliano Obici (BR)
- 17h30 Sessão de Escuta
21 SET - ATAQUES, FANTASMAGORIAS E INTERVENÇÕES SONORAS
- 14h MC Martina (BR) - Ataque poético em espaços urbanos
- Cadu Tenório (BR) - Fantasmagorias Sonoras do Teleférico do Alemão
- Henrique Machado (BR) - Intervenção Sonora para Site Specific
- 16h Intervalo
- 16h30 Mesa Redonda. Questões da intervenção sonora no espaço urbano carioca. MC Martina, Cadu Tenório, Henrique Machado mediação Alexandre Fenerich (BR)
- 17h30 Sessão de Escuta
22 SET - ESCRITA, ESCUTA, PROCESSO
- 14h Francisco Ali-Brouchoud (AR) - Notação em Cornelius Cardew
- 15h Raquel Stolf (BR) - Escuta e Processos de Escrita
- 16h Intervalo
- 16h30 Mesa Redonda Escuta como processo. Francisco Ali-Brouchoud (AR), Raquel Stolf (BR) mediação Ricardo Basbaum (BR).
- 17h30 Sessão de Escuta + Lançamento do livro TERRALÍNGUA Camila Proto (BR)
PERFORMANCES III
23 SET
18h TROPIGALPÃO Rua Benjamin Constante 118 Glória
- Marcus Neves - Modular Drone Session
- Herbert Baioco - Assovios de lâmpadas
- God Pussy - LiXoMetal
- Teia (Inés Terra e Julia Teles) - Teia
SESSÕES ESCUTA Cinema
26 a 29 SET
Sala de CINEMA Centro Cultural Justiça Federal
26 SET
18h Sessão I
- Felipe Ivanicska (Br) Primeiras Ilhas, 2023 (5:37)
- Perra Verde (Co) Caudales Silenciosos, Flujos Subterráneos, 2022 (3:32)
- Alexandre St-Onge (Ca) Iye Efface Iye Pi Once Si Tu Veux Iye Du Fousse, 2023 (8:00)
- Tara Fatehi E Pouya Ehsaei (Ir/Uk) From The Lips To The Moon, 2023 (9:35)
19h30 Sessão II
- Alejandro Brianza (Ar) Kowloon, 2022, (5:51)
- João Pedro Oliveira (Pt) Coalescence, 2023 (9:37)
- Aya Atoui (Lb) Scoring Fear, 2023 (8:39)
- Planetary Listening (De) Elsewhere, Here, 2023 (10:09)
27 SET
18h Sessão I
- Jorge Antunes (Brasil) Clarice Não Sabia Morrer, 2023 (7:15)
- Gabriel Villas (Br) Fim De Festa, 2021 (3:08)
- Dirar Kalash (Ple) Un-Sieged Resonance, 2023 (13:23)
- Jimena Croceri E Sara Hamdy (Ar/Eg) Wood Songs, 2019 Em Curso (7:04)
19h30 Sessão II
- Malu Hatoum (Br) Refluxus 1 - Beat Rumiante, 2020 (6:40)
- Henrique Vaz (Br) Fantasia Em Si, 2023 (4:33)
- Hasan Hujairi (Bhr) 10,000 Simple Steps To Perfectly Draw An Arabian Horse, 2014 (10:40)
- Igor Jesus (Pt) Fotogramas, 2023 (5:01)
28 SET
18h Sessão I
- Camila Proto (Br-Ur) Cavidades, 2023 (15:24)
- Edson Zampronha (Br-Es) El Gran Zumbidor, 2023 (8:05)
- Lucia Herbas Cordero (Bo) Rimarispa Wakaswan, 2023 (11:36)
19h30 Sessão II
- Marcela Laura Perrone (Br) Sudeste, 2023 (6:42)
- Lucrécia Luz (Br) Projeções E Remanescências, 2023 (5:34)
- Wolfgang Pérez (De) Memórias Fantasmas, 2023 (9:55)
- Sary Moussa (Lb) Retrieval, 2023 (14:04)
29 SET
18h Sessão I
- Matheus Souza (Br) Atual Estado De Coisas, 2023 (9:37)
- Landra (Sara Rodrigues E Rodrigo B. Camacho) (Pt) The Great Sucession, 2022/23 (15:20)
- Karine Viana E Lucas Machado (Br) Ignot, 2023 (9:24)
19h30 Sessão II
- Jorge Martínez Valderrama (Mx) Mezquital, 2023 (7:30)
- Victor Mazón Gardoqui (Es) Ecología De Los Medios En El Salar De Thunupa - Media Ecology On Thunupa Salt Flat, 2015 (14:55)
- Nicolás Kisic Aguirre (Pe) Parasite Soup, 2023 (15:09)
MOSTRA
19 SET A 22OUT
Residentes, Performances, Intervenções, Sessões Escuta Cinema, Bienal Escuta
RESIDENTES
O Programa de Residência Artística SomaRumor 2023 foi viabilizado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por intermédio da Secretaria Municipal de Cultura através do Programa de Fomento Carioca. O Programa abriu convocatória para artistas sonoros residentes na cidade do Rio de Janeiro onde foram selecionados três projetos inéditos que fazem parte da mostra do 3º SomaRumor. O objetivo da residência foi de facilitar a difusão de produções periféricas da cidade do Rio de Janeiro no circuito de arte sonora.
A residência artística acontece durante três meses, de Julho a Setembro. Cada projeto recebeu uma bolsa para a produção do trabalho. Durante a residência os artistas receberam mentoria por uma equipe composta de mediadores culturais, curadores e artistas; e desenvolveram seus projetos em um dos espaços parceiros, a saber: Mães de Acari (Acari), Papo Reto (Alemão) e Centro Cultural Da Justiça Federal (Cinelândia).
Conheça um pouco sobre os artistas residentes do 3º SomaRumor.
RESIDENTES
MC MARTINA
Diretamente do Complexo do Alemão (RJ) a rapper, poeta e produtora MC Martina vem deixando sua marca na cena cultural do país. Idealizadora do Slam Laje, a primeira batalha de poesia falada do Complexo do Alemão, e um dos slams pioneiros a serem realizados dentro de uma favela no Estado do Rio de Janeiro. Autora do livro “Nunca foi sorte, sempre foi poesia“, onde aborda temas sobre ancestralidade, banzo e o cotidiano de uma mulher preta. Co-fundadora dos Poetas Favelados, iniciativa cultural que realiza ataques poéticos nos transportes e escolas públicas. Faz parte também Movimentos, composto por jovens provenientes de favelas e periferias do Rio de Janeiro, que advoga por uma nova política em relação às drogas. Mais sobre Mc Maritna.
CADU TENÓRIO
gôndola
Fantasmagoria baseada no teleférico do alemão. Instalação inspirada tanto na presença de sua enorme estrutura, visível à distância, do chão, quanto na ausência proporcionada por seu não-funcionamento. na sala uma gôndola suspensa no "vazio", onde sensações confundem-se às memórias e objetivos parecem difusos no lúdico de alturas não mais exploradas, entre vento, chuva e calor no subúrbio da cidade do rio de janeiro. Por intermédio de sons e imagens (e a ausência dos mesmos) o artista Cadu Tenório, através de passagens quase diárias via ônibus pela estrada de Itararé, tenta suscitar dúvidas sobre futuro, sonhos frustrados, ocupação e ruína.
Cadu Tenório é um artista atuante na cena eletrônica e experimental, cujo trabalho vai além dos conceitos de noise, dark ambient e drone. Sua abordagem envolve a exploração de diversos processos de gravação e a busca por timbres pouco convencionais através de uma combinação de sintetizadores, gravações de campo, loops de fita, objetos do cotidiano e instrumentos processados. Ao longo dos últimos dez anos, ele tem se envolvido em inúmeros projetos como compositor e músico, incluindo Sobre a Máquina, VICTIM! e Ceticências. Além disso, ele colabora com artistas de diferentes segmentos, abrangendo desde o experimental até a música popular brasileira. Algumas das parcerias notáveis incluem Paal Nilssen-Love, Juçara Marçal, Kiko Dinucci, Thomas Rohrer e Rogério Skylab. Mais sobre Cadu Tenório.
HENRIQUE MACHADO
Henrique Machado é compositor, arranjador, maestro, pesquisador e multi instrumentista. Oriundo de projetos sociais da cidade do Rio de Janeiro, possui Bacharelado em Composição Musical e Mestrado em Processos Criativos, ambos concluídos na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Pesquisa sobre o site-specific, relacionando-o com a composição musical e suas vertentes. Foi vencedor do prêmio de melhor música instrumental do Festival Rádio Mec 2016, Concurso de Composição da Academia Claude Brendel 2021, Concurso Paulinho Martins 2021, dentre outros. Trabalha atualmente na direção musical e regência em projetos sociais na cidade do Rio de Janeiro. Mais sobre Henrique Machado.
"Sons da Praça 24 de Outubro - Site-specific musical em zonas urbanas" foi concebido durante o Programa de Residência SomaRumor 2023. É um trabalho de intervenção sonora que tem como objetivo a realização de uma peça musical que dialoga de forma contextual com o entorno e acontecimentos recorrentes na Praça 24 de Outubro, popularmente conhecida como "Praça de Inhaúma" no Rio de Janeiro. Para isso, pretende-se a realização e diálogo com sons recorrentes da região, com destaque especial para a tradicional intervenção sonora dos sinos da Paróquia São Tiago de Inhaúma, que é um grande ponto de referência e imponência visual no cenário. Contaremos com seis músicos e musicistas convidados para a performance, e todos os demais do entorno para se tornarem parte da atuação.
PERFORMANCES
COSMO SALISME
Seres Invisíveis I é um trabalho que busca construir a sonoridade de um meio ambiente utópico devastado pelo antropoceno. A performance propõe um lugar onde fontes sonoras diversas se movimentam e desenvolvem padrões capazes de proporcionar sensação de territorialização e de memória.
Cosmo Salisme é um artista multidisciplinar trans não-binárie residente do Rio de Janeiro. Começou como um projeto de discotecagem e de investigação e composição sonora em meados de 2013, e agora também tem expandido para outros meios. O artista experimental tem buscado através de suas práticas, elaborar questões a respeito das estruturas binárias sociais e, investigar os conceitos de espaço, tempo, memória, corpos e o antropoceno.
GOD PUSSY
LiXoMetal é uma performance elaborada com objetos de metais amplificados, lixo metálico, sucatas e molas.
God Pussy é um projeto de “ruidos ásperos”, localizado na região da Baixada Fluminense. O projeto vai na contramão do bom senso no campo da música. Através de objetos de lixo e metais amplificados, como sucatas e molas, ele conduz sons desagradáveis, desarmônicos e dissonantes para ouvidos sensíveis.
HERBERT BAIOCO
Assovios de lâmpadas. Convívio é uma palavra chave para apresentar a performance “Assovios de lâmpadas”. O performer tem um papel de articular a sonoridade resultante de um sistema randômico de luz e sons. O sistema randômico gera situações onde haverá interações entre o que ilumina e o que soa.
Herbert Baioco (1988) é artista, pesquisador e também atua como educador. Em seus projetos artísticos aproxima experimentações em sonoridade e arte contemporânea a partir de manifestações de criatividade em projetos diversos em escuta e na criação de máquinas para escutar, além de imaginar conceitualmente a escuta. É mestre em estudos em processos artísticos pela UFF.
LUCCA TOTTI
Quimeras é uma obra performática para guitarrista e duas guitarras. A obra faz uso de dispositivos de sustentação contínua e da re-afinação das guitarras em tempo real, traçando uma trajetória não-linear entre a afinação padrão da corda e sua oitava inferior, tensão instável e ruidosa. Somando-se a processamentos eletrônicos temporais, a textura resultante é de uma multiplicidade de alturas muito próximas e gestos reiterados, como uma sala de espelhos ou caleidoscópio que repete harmonicamente as frequências e suas combinações.
Lucca Totti (RJ, 1997) é artista sonoro, improvisador, compositor, professor e pesquisador. Trabalha com temas de experimentalismos, improvisação radical, possibilidades sonoras expandidas da arte sonora e da fonografia, e criação contemporânea aberta. Já teve obras realizadas na Bienal de Música Brasileira Contemporânea, *Topia SoundArt Festival (ALE), Monteaudio20 International Sound Art Festival (URU), Centro de Arte Sonoro (ARG), Festival Escuta Aqui, F(r)esta Festival de Improvisação, Música? 18 (USP), Música Insólita, Museu de Arte Moderna-RJ, UNIRIO, SONatório-UFRB, Residência São João, Festival Ecrã, entre outros. Atualmente é mestrando em Sonologia - Processos Criativos na Universidade de São Paulo.
MARCUS NEVES
Modular Drone Session é um desdobramento da série homônima registrada em discos digitais - Modular Drone Session A (2020) e Modular Drone Session D (2022, ambos pelo selo Música Insólita), e Modular Drone Session B/C (2021, selo Música de Ruído) - que consistem na especulação e experimentação de drones. A partir de um sistema de modulares no formato eurorack mergulho no fluxo de um caminho sonoro dirigido e construído em tempo real e em tomada única.
Marcus Neves é licenciado em música (2006), especialista em Estudos Literários (2008) e Mestre em Letras (ênfase em Estudos Literários, 2010) pela Universidade Federal do Espírito Santo onde, desde 2010, leciona como professor efetivo nos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Música. Coordena o projeto de extensão Grupo de Experimentação Sonora (GEXS). Iniciou sua trajetória na música como vocalista de bandas de rock. Desde 2008 se dedica às gravações de campo, composição de música acusmática e experimental, performances ao vivo e trilhas sonoras para teatro, dança contemporânea e cinema, neste também como editor de som, mixador e sound designer.
ORLANDO SCARPA
Ponto final é uma performance para guitarra e sons de ônibus. A guitarra funciona simultaneamente como um instrumento autônomo e como um controlador dos sons de ônibus através de uma série de filtros ligados em sidechain. Um conjunto de gravações de ônibus é filtrado de diferentes maneiras conforme diferentes regiões da guitarra são tocadas, com a intensidade desta modulação sendo controlada em tempo real via MIDI. O contraste entre os sons de ônibus e os sons de guitarra elétrica é amenizado na medida em que a informação gestual da guitarra é, de alguma maneira, compartilhada com as gravações de ônibus. A execução instrumental é inteiramente improvisada, buscando dialogar com o momento específico em que será apresentada no evento.
Orlando Scarpa Neto (1985), músico e pesquisador baseado no Rio de Janeiro/RJ, é mestre e doutor em criação musical pela Escola de Música da UFRJ. Além de compor trilhas sonoras para cinema, TV e teatro, concentra-se na música eletrônica experimental, explorando sons do cotidiano, síntese e tecnologia. Sua abordagem é teórico-prática, combinando composição musical e pesquisa bibliográfica para compreender a música eletrônica. Entre 2015 e 2022, ensinou no Conservatório Brasileiro de Música (UNICBE) e na Escola de Música da UFRJ. Suas composições estão no Bandcamp e Soundcloud, e seus textos estão no Academia.edu.
RAQUEL STOLF
Lista de notícias [dream and reality] - Versão PAC. Versão PAC / perder a cabeça (atualizada) Raquel Stolf, 2011-2023 Ação sonora: leitura de lista. Coleção de manchetes e legendas de notícias de jornais e revistas, coletadas desde 2011. Os textos apropriados indicam relações entre humanxs e outrxs animais, envolvendo vínculos sinuosos entre fato e ficção, entre o absurdo, o nonsense e o humor dos anúncios, bem como, propõe tornar visível/audível o antropocentrismo de algumas das notícias.
Raquel Stolf é artista e pesquisadora, atua como professora nos cursos de graduação e pós-graduação em Artes Visuais da UDESC, em Florianópolis. Suas proposições e projetos investigam processos de escrita, experiências de silêncio e situações de escuta. Coordena o selo céu da boca e vem editando publicações sonoras e impressas, como SOU TODA OUVIDOS (2007- 2023), mar paradoxo (2016), assonâncias de silêncios [coleção] (2010), FORA [DO AR] (2004), e propondo publicações coletivas, como anecoica (2014-2023) e sofá (2003-2011). Coordena o programa de extensão Sala de leitura | Sala de escuta (CEART/UDESC) e o grupo de pesquisa Proposições artísticas contemporâneas e seus processos experimentais (UDESC).
TATICOCTEAU
Quando você corta o vinil, abre o som é um desdobramento da escuta a partir da colagem de fragmentos de discos de vinil e colagem sonora através da manipulação dos álbuns “cut-up” , bem como da sonificação, via databending através do Pure Data, de capas de discos permitindo o surgimento de novos sentidos e ressignificação na colagem de letras e ritmos familiares entre ruídos. Os sons abrasivos e desordenados obtidos desse processo podem ser percebidos como uma outra linguagem ou uma música que só poderia surgir através do corte ou destruição de uma música existente.
Taticocteau é artista visual no campo expandido, trabalha com plataforma multimídia (video, databending, colagem digital e analógica, fotografia, desenho e pintura). Tem álbum publicado pelo selo Música Insólita, participou de festivais de música experimental e arte sonora, tais como: F(r)esta Festival de Improvisação, Frestas Telúricas, Festival Chiii e foi artista convidada para a primeira edição da residência artística do Festival Novas Frequências, onde apresentou como resultado a obra “Quiasma”.
TEIA
Teia combina elementos improvisados e composicionais, e uma nova música que será apresentada baseada numa partitura verbal.
Teia é a parceria musical entre Inés Terra (Voz) e Julia Teles (Theremin). Formadaem 2017, a dupla trabalha na relação entre um dispositivo eletrônico e vozes, em processos improvisados e composicionais, movendo-se entre sons harmônicos e ruidosos, explorando os limites das possibilidades dos instrumentos.
SESSÃO ESCUTA
ALEJANDRO BRIANZA
Kowloon, (05’51’’)
Localizada em Hong Kong e também conhecida como "a cidade das trevas", foi o assentamento mais densamente povoado da história. E embora seus habitantes mantivessem uma organização baseada em um estado harmonioso de anarquia, certos problemas relacionados a gangues, drogas e outras ilegalidades levaram Kowloon à sua demolição em 1994. A memória de Kowloon é hoje um cartão postal cyberpunk, oscilando entre a tranquilidade e o caos.
Alejandro Brianza (Argentina, 1989) Compositor, pesquisador e professor. Mestre em Metodologia da Pesquisa Científica, Graduado em Audiovisual, Técnico de som e gravação e flautista. Atualmente é doutoranda em Humanidades - Música pela Universidad Nacional del Litoral. É professor da Universidade de Salvador, da Universidade de Buenos Aires e da Universidade Nacional de Lanús, onde também faz parte de pesquisas relacionadas à tecnologia sonora, música eletroacústica, pesquisa artística e linguagens contemporâneas, das quais ministrou palestras, conferências e workshops em congressos, festivais e diferentes encontros do meio académico nacional e internacional. Sua atuação profissional como artista oscila entre seus projetos individuais e aqueles que realiza em colaboração com Andamio.
CAMILA PROTO
Cavidades (15’24’’)
“Cavidades” explora o universo cavernoso do corpo humano em sua extensão e alargamento. A peça sugere uma viagem pelas cinco principais cavidades do corpo: torácica, abdominal, pélvica, dorsal e cerebral, através de uma experiência sonora imersiva. O espectador é guiado, como em uma meditação ativa, pelas ambiências sonoras destas cavidades, atento à instrução inicial de monitoramento: um microfone ficcional desce pela garganta e está, ao vivo, captando estes sons. O convite de atenção feito ao público é o de que o que ouvimos é a amplificação daquilo que ressoa nas cavidades internas de cada um. A aventura por um desconhecido tão íntimo, um abrir-se ao descobrimento das suas ambiências.
Camila Proto (Porto Alegre, 1996) é artista e pesquisadora. Trabalha nas fronteiras da ficção, da linguagem e do som, propondo possíveis traduções e escutas do mundo. É doutoranda em Artes Visuais pela UFRJ, e foi indicada ao XIII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2020, Porto Alegre), na categoria "Artista em Início de Carreira". Dentre sua participação em exposições, destaca-se: o 10 festival Novas Frequências (2020, Rio de Janeiro), a Exposição Internacional "ComCiência" (2019, Belo Horizonte), o I Circuito Latino-americano de Arte Contemporânea (2021, Porto Alegre), a exposição Abre-Alas 18, na Galeria A Gentil Carioca (2022, Rio de Janeiro), e a exposição individual TERRALÍNGUA, no Museu de Arte do Rio Grande do sul (2023, Porto Alegre).
EDSON ZAMPRONHA
El Gran Zumbidor, (08’05’’)
O zumbidor é um instrumento ancestral da cultura indígena brasileira, composto por uma lâmina atada a uma corda, girada rapidamente para criar um som característico. El Gran Zumbidor recria esse som no universo eletroacústico, ampliando sua sonoridade e espacialidade para uma gestualidade enérgica central na obra. Além disso, outros instrumentos indígenas brasileiros são eletronicamente transformados, lembrando a música eletrônica underground. A intensa gestualidade do zumbidor contrasta com essas referências, gerando um hibridismo que culmina em um final apoteótico.
Edson Zampronha é um compositor dedicado à música experimental contemporânea. Professor na Universidade de Oviedo, Espanha. Seus trabalhos incluem música eletroacústica e mista, instalações sonoras, performance, obras para orquestra, banda sinfônica, coro, música de câmara, música para balé, teatro e cinema. Recebeu dois prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, e o foi vencedor do 6º Prêmio Sergio Motta pela instalação “Atrator Poético" realizada com o Grupo SCIArts. Em 2017 foi o compositor homenageado do IV Festival de Música Contemporânea Brasileira. Tem recebido encomendas de diversos grupos e instituições, como do Museum für Angewandte Kunst, em Colônia (Alemanha); da Fundação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo - OSESP (Brasil) e da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da FUNARTE (Brasil).
FELIPE IVANICSKA
Primeiras Ilhas, (05’37’’)
“Primeiras Ilhas” é o colecionamento de mensagens sonoras enviadas em garrafas através do mar que nos separou durante a pandemia, deixando cada um em sua ilha.
O material foi coletado através de chamadas na internet solicitando que as pessoas enviassem suas paisagens sonoras e relatos de como sobreviveram, as quais foram então combinadas nessa obra. A versão atual foi reeditada por Clizia Sala, do Estudio Ochenta, em Paris, em parceria para o projeto Ochenta Stories.
Felipe Ivanicska é editor, roteirista, sound designer e podcaster. Pesquisa e trabalha com áudio-documentário, ensaios, crônicas, peças sonoras e outras narrativas audíveis. Criou em 2018 o podcast “Histórias Vizinhas", onde produz áudio-documentários que falam de questões humanas e sociais. Utiliza o podcast como ferramenta popular de educação, memória e reflexão. Desde então, participou de alguns festivais, instalações sonoras e projetos sócio-culturais.
GABRIEL VILLAS
Fim de festa, (03’08’’)
"Fim de festa" é uma performance orientada para vídeo na qual embrulho meu corpo com balões e realizo um percurso coreográfico marcado por três movimentos, trepidação, giro e queda e que reverberam três sonoridades específicas. Venho investigando o ruído enquanto interferência/atrito/vibração (sonoros ou não) que através do labirinto do ouvido é escutado por todo corpo. No percurso coreográfico busco também ativar uma proposição de uma escuta porosa e que experimenta variações entre ruído e barulho, escutar e embrulhar.
Gabriel Villas nasceu em Campinas/SP (1992) e vive em Florianópolis/SC desde 2012. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFSC e faz mestrado na linha de Processos Artísticos Contemporâneos pelo CEART/UDESC. Artista multimídia e pesquisador, sua produção envolve o processo de escutar o espaço do entorno, de perceber o deslocamento que atravessa o corpo, de absorver ruídos e largar rastros. Sua produção envolve a construção de proposições de escuta e seus desdobramentos em instalações, intervenções no espaço público, ações, vídeos, fotografias, textos e desenhos através dos quais experimenta relações de atrito e deslize entre o contorno do corpo e o espaço do entorno, cotidiano e cidade.
HENRIQUE VAZ
Fantasia em Si, (04’33’’)
Metodologia incremental em ondas dente de serra ("super/hyper saw" via módulo ESP32 e CI 6N138) em regime de arpejo sob ordens do temperamento mesotônico ("modificado" e de "comas"), temperamento circular, vitoriano, temperamento quase-igual e eqüi-temperamento.
Henrique Vaz é professor substituto de composição e música e tecnologia do Departamento de Música do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora. Autor dos livros Ensaios {Algorítmicos} e Crônicas {Algorítmicas} (Estranhas Ocupações, 2023). Doutor em Processos e Práticas Composicionais pela Universidade Federal da Paraíba (bolsa CAPES - FAPESQ), tem coordenado o grupo de pesquisa "Gambioluteria - da programação orientada à gambiarra ao entalhe da luteria pós-digital", vinculado ao tronco curricular dos cursos de graduação em música da UFJF e voltado aos itinerários da pedagogia do "código criativo" sob o prisma dos algoritmos dos designs acústicos, eletrônicos, digitais e culturais de instrumentos tanto analíticos quanto desembocados em artefatos aurais tangíveis para a expressão musical.
JOÃO PEDRO OLIVEIRA
Coalescence, (09’37’’)
Coalescência é o processo de união ou fusão de elementos para formar uma massa ou um todo. Nesta peça musical visual, tanto os materiais visuais como a música juntam-se e separam-se em unidades distintas, formando formas e sons que são a combinação de elementos reunidos.
Compositor João Pedro Oliveira detém a Corwin Endowed Chair in Composition da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. Estudou órgão, composição e arquitetura em Lisboa. Ele completou um Ph.D. em Música na Universidade de Nova York em Stony Brook. Sua música inclui ópera, composições orquestrais, música de câmara, música eletroacústica e vídeo experimental. Ele recebeu mais de 70 prêmios e prêmios internacionais por seus trabalhos, incluindo o prestigioso Guggenheim Fellowship em 2023, o Bourges Magisterium Prize e o Giga-Hertz Special Award, entre outros. Sua música é tocada em todo o mundo. Lecionou na Universidade de Aveiro (Portugal) e na Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil). Suas publicações incluem vários artigos em jornais e um livro sobre teoria musical do século XX.
JORGE ANTUNES
Clarice Não Sabia Morrer, (07' 15")
A composição musical incorpora a gravação da voz de Clarice Lispector, capturando sua expressão "Eu não sei", repetida durante uma entrevista no programa "Panorama" da TV Cultura em 1977. Encantado com a inflexão de Clarice – o melisma ascendente e descendente revela beleza, inocência, sensualidade e doçura - o compositor parte desse material para compor a peça. Além desta breve expressão, a composição utiliza um trecho do último livro de Clarice, "Um Sopro de Vida (Pulsações)", publicado pela Nova Fronteira. O trecho diz: "Quando você terminar este livro, chore por mim, aleluia. Que Deus o abençoe e que este livro tenha um bom final. Assim posso finalmente descansar. Que a paz esteja entre nós, entre vocês e entre mim. Que os fiéis me perdoem do templo: escrevo e assim me livro de mim e posso descansar".
Jorge Antunes, nascido em 1942 no Rio de Janeiro, estudou Violino, Composição e Regência na cidade, além de se formar em Física na Faculdade Nacional de Filosofia. Fundou o Chromo-Music Research Studio em 1961, sendo considerado o pioneiro da música eletrônica no Brasil. A partir de 1965, explorou conexões entre som e cor através das suas obras chamadas Cromoplastofonias, que envolvem orquestras, fitas magnéticas e luzes, incorporando até olfato, paladar e tato. Com Doutorado pela Sorbonne, Paris VIII, também ganhou reconhecimento internacional com prêmios de composição e é Pesquisador Sênior na Universidade de Brasília, além de presidir a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica. Condecorado pelo Ministério da Cultura francês e pelo Governo Brasileiro, Jorge Antunes é um notável compositor e acadêmico. Suas partituras são publicadas por várias editoras renomadas.
JORGE MARTÍNEZ VALDERRAMA
Mezquital, (07’30’’)
No Vale do Mezquital, região de Tula, Hidalgo, México, a concentração industrial e infraestrutural causou grave contaminação, ameaçando saúde e meio ambiente. Uma equipe interdisciplinar, com academia e comunidade, luta por soluções. Em 2022, muralistas e grafiteiros uniram-se em Atitalaquia para criar espaços de reflexão e resistência, destacando os impactos e a história da luta. Gravações, entrevistas e arte compõem o trabalho, dando voz à sociedade civil e militantes. A obra cria um espaço coletivo de diálogo, reflexão e questionamento do papel da arte na crise social.
Jorge Martínez Valderrama (México, 1981) Como compositor e artista sonoro, o seu trabalho reflete sobre vários fenómenos e conceitos estéticos da música contemporânea, eletroacústica e acusmática. Alguns de seus trabalhos foram apresentados em fóruns, festivais e programas digitais dentro e fora do México.
Tem desenvolvido o seu trabalho recente através de residências artísticas (Peru, Portugal, SD Celar do Museu Britânico e Áustria) onde criou peças sonoras a partir de gravações de campo. Seu processo criativo é baseado nos conceitos de percepção, alteração, poética e pareidolia. O seu interesse artístico centra-se na escuta e reflexão sobre as implicações do som em diferentes contextos e ecossistemas, na criação coletiva e no ativismo sonoro-ambiental.
KARINE VIANA E LUCAS MACHADO
Ignot, (09’24’’)
A peça sonora é baseada na desconstrução dos instrumentos do duo, violino e baixo elétrico, através da improvisação não-idiomática em um primeiro momento e posteriormente o processamento dos sons criados. Ignot traz do início ao fim uma base de violino modificada com time stretching, a sua segunda base é uma improvisação, com baixo elétrico, guiada pela primeira e outras camadas menores foram adicionadas inspiradas pela dupla anterior. A desfiguração utilizada busca romper com a sonoridade tradicionalmente utilizada que fez parte da trajetória musical dos musicistas e busca em si uma indefinição tanto na ideia de “borrar” a origem do som quanto de permitir uma investigação focada em sonoridades e timbres.
Karine Viana e Lucas Machado, musicistas interessados principalmente em música experimental, formam um duo onde compõem, tocam violino, baixo elétrico, explorando os instrumentos através da improvisação livre e do processamento de sons. De forma remota, passaram a criar a partir de 2020 através de correspondências sonoras.
LUCRÉCIA L.
Projeções e remanescências, (05’34’’)
Vídeo digital em som estéreo; Vídeo formado a partir da justaposição de duas obras da artista, sendo Fragmentos de memória em som estéreo e 24fps e Gilgamesh. O trabalho foi produzido a partir de materiais de arquivo coletados/capturados e modulados pela artista, como: gravações de campo realizadas a partir do contexto urbano da Zona Norte do Rio de Janeiro e remanescências de pontas de películas de 35 e 16mm. A obra aposta na abstração e no ruído para propor uma experiência sensório-cognitiva outra que evidencie, friccione e possibilite construções outras sobre memória e espacialidade.
Lucrécia Luz, nascida e residente no Rio de Janeiro (1998), é mãe e uma artista multilíngue. Oscilando entre uma corporeidade ruidosa e silenciosa, ela estuda Artes Visuais na UERJ, além de ter cursado "Montagem e Edição de Imagem e Som" na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Participou do Programa de Acompanhamento Crítico em Arte Sonora na Casa da Escada Colorida e do curso Arte Sonora da EAV Parque Lage como bolsista social. Atualmente, contribui como bolsista no projeto de extensão universitária Laboratório Técnico de Cinema e Vídeo na UERJ. Sua pesquisa poética mergulha nas tradições afro-diaspóricas, especulação ficcional e criação de mundos, explorando memórias individuais e vestígios vibratórios que desafiam a ficção colonial. Seu trabalho se baseia em arquivos imagéticos e sonoros, imaginando novas possibilidades de tempo-espaço.
MALU HATOUM
Refluxus 1- Beat Rumiante (06’40’’)
“Beat Rumiante" é uma octofonia, realizada com duas fontes sonoras: uma gravação de uma conversa de cervos, um animal que possui quatro cavidades estomacais, e a voz da artista. A peça trata do impacto da nossa estrutura social no estômago e os sintomas derivados desse impacto. Será que com quatro cavidades estomacais seria possível digerir tantos dissabores? Existem muitos animais ruminantes como elencado na peça … mas o nosso órgão ruminador é outro … não?
Malu Hatoum, é artista sonora, cantora, performer, produtora e escritora, integrante do Colectivo Refluxus. Graduada em Psicologia (USP), com formação em Arte Integrativa (Un. Anhembi Moroumbi), dança Contemporânea "Klauss Vianna" (PUC-SP), e Mestrado em Arte Sonora (Univ. de Barcelona)Tem se dedicado a temas sociais como misoginia, violência e submissão ao capitalismo, através de performance, videoperformance, instalações sonoras e composições acusmática e eletroacústicas. Atualmente organiza o Chicharra Festival de Investigação Sonora - FIS, Almonte, Espanha. Últimos trabalhos: Exposição individual de Arte Sonora e videoperformance "AQUI.FEROZ" na Fundação BilbaoArte, Bilbao, Espanha. 2021: Bolsa de Residência Artística, Fundação BilbaoArte, Bilbao, Espanha.
MARCELA LAURA PERRONE
Sudeste, (6’42’’)
“Sudeste” surge da leitura do livro homônimo de Haroldo Conti, escritor argentino sequestrado e desaparecido pela ditadura cívico-militar em 1976. Foi feito com sintetizadores e editor multipista em meu próprio estúdio em Buenos Aires. Sem pretender ser programática, a peça aproveita a experiência da paisagem insular do delta do rio Paraná e a descrição que este escritor faz das cores, sons, mudanças de estações, contrastes e áreas fronteiriças.
Marcela Laura é compositora, performer e musicóloga argentina. Ela se interessa pela pesquisa e exploração dos cruzamentos entre a poesia sonora e concreta, a eletroacústica e o formato da canção expandido na improvisação. Integra a rede de compositoras latino-americanas (redcLa).
MATHEUS SOUZA
Atual estado de coisas, (09’37’’)
Peça acusmática composta com o objetivo de promover reflexão critica sobre discriminação de classe. Para a geração de materiais sonoros, o compositor se utiliza de síntese sonora, processamento sonoro e espacialização realizados através de patches em Max/MSP, um código em Tidal Cycles e um patch no sistema Buchla 200e da KMH i Stockholm. A estreia mundial da peça se deu no dia 17 de Maio de 2023, tendo sua difusão sido realizada através da cúpula de 29 alto-falantes da Lilla Salen, na KMH i Stockholm, durante o período em que foi estudante em mobilidade na instituição.
Compositor e performer do Rio, Matheus atualmente cursa o mestrado em Composição e Performance Contemporânea no CNSMD de Lyon, onde estuda com Michele Tadini e Jean Geoffroy. Como compositor, apesar de também compor obras instrumentais, sua produção está focada em obras eletroacústicas (acusmáticas ou para eletrônica ao vivo). Em todos os casos, buscando explorar diversas camadas de complexidade a fim de criar ricas atmosferas sonoras. Como performer, concentra-se em tocar seu set Buchla Easel Command + Computador, se utilizando de novas tecnologias para processamento de som ao vivo de seu sintetizador através de um patch em Max/MSP programado por ele mesmo.
PERRA VERDE
Caudales silenciosos, flujos subterráneos, (03’32’’)
A obra faz parte de “Canciones para el fin del mundo, (2022)” um ciclo de vídeos curtos realizados sob a premissa de conceber a criação como espaços nos quais o amor e o afeto sustentam encontros artísticos.
Formada por Ana María Romano G. e Marta Cabrera, a Perra Verde é um espaço de criação transdisciplinar que investiga e experimenta espaços situados entre o visual, o sonoro, o textual e o performativo, revisitaM arquivos históricos para convertê-los em histórias críticas do tempo presente, preservando, no entanto, um vislumbre de esperança.
WOLFGANG PÉREZ
Memórias Fantasmas, (09’55’’)
A peça "Memórias fantasmas" usa (quase) exclusivamente o material de uma gravação de sua família espanhola tocando e cantando em uma igreja em Salamanca (Espanha) em 1982. Essa gravação reapareceu no ano passado e ele ficou maravilhado com sua beleza. Não só das músicas e composições cantadas e tocadas, mas também do mero som da gravação. Foi gravado por seu avô com um gravador barato em seu colo. Para a criação da peça, ele reorganizou três das músicas da gravação, criando loops para mergulhar e vivenciar as lentas transformações que vão ocorrendo na música. Ele adicionou alguns osciladores simples e aplicou diferentes técnicas de amostragem, rebaixamento e distorção.
Wolfgang Pérez é um compositor, arranjador e multi-instrumentista natural de Essen, na Alemanha, que mora e trabalha no Rio há um ano. Ele estuda composição eletrônica e pop na Folkwang University em Essen e atualmente está matriculado como estudante de intercâmbio na UFRJ e na UNIRIO.
BIENAL ESCUTA
THE LISTENING BIENNIAL 2023 / PROGRAMA
Prefácio
Em contraste com as formas de capitalismo cognitivo, Yves Citton defende que as ecologias da atenção podem fomentar a soberania sensorial em toda a sociedade. Enquanto o capitalismo cognitivo instrumentaliza e individualiza a atenção, as ecologias da atenção nutrem as capacidades críticas e criativas. As ecologias da atenção são fundamentais para reconhecer e alimentar a mutualidade e a reciprocidade; contribuem para a abertura das arenas do sensível, lembrando que “a atenção é nossa forma mais pura de generosidade” (Weil).
A segunda edição da The Listening Biennial é concebida como uma ecologia da atenção, moldada por uma preocupação crítica em desafiar as construções vigentes de exclusão e extração, convidando a uma mudança aos modos como damos atenção. Tal doação é aqui entendida como profundamente dinâmica, movendo-se numa variedade de lugares e contextos, em movimentos que incitam e semeiam formas de reconhecimento e cooperação, atos coletivos simultaneamente de alegria e contestação. Estes atos incluem o que podemos chamar de percepção poética, nos quais os métodos de relacionamento florescem na imaginação. Seguindo estas perspectivas, a Bienal abre caminho para questões de soberania sensorial e ecologias da atenção, bem como do poder da imaginação e dos atos de narração e como estes contribuem para a criação de comunidades.
Enquanto exposição e programa de eventos, a The Listening Biennial é desenhada numa rede de organizações, coletivos e participantes locais, cada um dos quais apoia a apresentação da Bienal no seu contexto próprio. Desde o seu início, a Bienal desenvolveu-se seguindo uma estrutura distribuída e descentralizada para fomentar a escuta como metodologia para apoiar a mutualidade e a partilha transcultural. De Buenos Aires a Istambul, de Berlim a Manila, a Bienal procura formas de fomentar vínculos e conexões, onde obras de áudio são partilhadas e apresentadas em locais participantes e através de diversos modos, desde eventos performativos, instalações expositivas, sessões de escuta, transmissões de rádio e workshops. A segunda edição da The Listening Biennial concretiza-se com a apresentação de 30 artistas em 29 espaços, incluindo programas locais de eventos e encontros envolvendo outros artistas e públicos. Com esta abordagem, a Bienal pretende captar áreas de interesse dentro das artes, ao mesmo tempo que convida os artistas a refletir sobre o papel que a escuta desempenha nos seus processos de trabalho, bem como em contextos sociais diversos.
A escuta é posicionada como algo que pode contribuir para a compreensão de perspectivas globais, para ajudar a reconhecer as interdependências e afinidades entre várias comunidades, ao mesmo tempo que enfatiza o carácter individual de cada localidade e as negociações, discordâncias ou lutas específicas encontradas em ambientes diferentes. Do ponto de vista curatorial, o projeto propõe um modelo de Bienal baseado na escuta, que é menos sobre fazer declarações e é mais voltado para nutrir uma arena de troca e de ecologias da atenção. Como propõe Leah Bassel, uma política de escuta serve para dar tempo e espaço para o desacordo, desafiando “normas de inteligibilidade com o propósito específico de transformar a audibilidade e quebrar oposições binárias entre 'Nós', os audíveis, e 'Eles', os silenciosos ou Outros estigmatizados”.
A abordagem da escuta como um meio para quebrar relações binárias contribui para a coexistência, aviva novos imaginários corporais e sociais. Escutar não é apenas ouvir sons; escutar possibilita processos de relacionar-se de outro modo, sintonizar-se com mundos ecológicos e espirituais, figurar linguagens e discursos ricos em poéticas, onde a escuta toca o que está além do reconhecível. É por meio desses imaginários de escuta que podemos colocar em cena situações de atenção mais polifônicas, que podem levar à realização de outras narrativas, outras formas de testemunhar a existência dos outros. Uma ecologia da atenção é concebida então como o que pode ajudar a cuidar dos arranjos materiais e sociais que nos cercam, de modo a sustentar diversos modos de existência e de cuidado pelos outros.
Parceiros – Organizações, Espaços, coletivos
Galeria Quadrum; Antecâmara; Brotéria; Stolen Books; Hangar LISBOA Errant Bodies BERLIM AMEE MADRID Lydgalleriet BERGEN Listen Gallery GLASGOW Center for Cultural Decontamination, Radio Belgrade BELGRADO Amek x Easterndaze VARNA École d’art Université Laval QUEBÉQUE Museum of Contemporary Art TORONTO Müze Gazhane ISTAMBUL Beirut Art Center BEIRUTE Radio Alhara BETHLEHEM Sonic Spaces CAIRO Space21 CURDISTÃO Bakeriya Space COLOMBO University of the Philippines Fine Arts Gallery MANILA Alitaptap Artists Community CAVITE, FILIPINAS Silpakorn University BANGUECOQUE Multimedia University CYBERJAVA Instituto Camões TÓQUIO Culture Secretary of Jalisco MÉXICO soundpocket HONG KONG SomaRumor RIO DE JANEIRO CASo - Centro de Arte Sonoro BUENOS AIRES Municipal Secretary of Cultures La Paz BOLIVIA Tsonami Arte Sonoro VALPARISO
ARTISTAS
NICOLÁS KISIC AGUIRRE (PERÚ)
Parasite Soup, 2023
Parasite Soup continua as minhas reflexões sobre imaginários da diáspora iniciadas no meu projeto de rádio experimental Radio Parazit – em inglês, “Parasite Radio”. Para Parasite Soup, convidei o percussionista mexicano Jonathan Rodriguez para partilhar a sua perspetiva e experiência da diáspora verbal e ritmicamente. Combinei a voz de Jonathan com pensamentos e esperanças a partir de gravações pessoais, histórias e explorações acústicas.
Nicolás Kisic Aguirre é um arquiteto e artista sonoro transdisciplinar que cria máquinas que exploram e iluminam a natureza social e política do som no espaço público. Com formação em arquitetura e um fascínio de longa data por máquinas, Kisic Aguirre projeta e constrói instrumentos sonoros que exploram as ligações entre espaço público, poder, tecnologia e som. A sua prática crítica e estética é de código aberto, colaborativa e profundamente relacionada com o público.
ROUZBEH AKHBARI (IRÃ)
Perturbation: A Speculative History of Future(s) Past, 2023
Uma alucinação serpentina que ocorre em três linhas de tempo paralelas, Perturbation: A Speculative History of Future(s) Past liga a geopolítica entrelaçada do Estreito de Ormuz a geografias muito distantes. Com histórias contadas de vários pontos de vista, Perturbation enraíza a geopolítica da região de Ormuz em experiências individuais de direito, cidadania, emigração, colonialismo, cultura e história.
Rouzbeh Akhbari (nascido em 1992, Teerão) é um artista que trabalha principalmente com vídeo-instalações e filmes. A sua prática é orientada para a pesquisa e muitas vezes existe nas interseções de narrativas, pesquisa de arquivos, estudos de infraestrutura crítica e geografia humana. Através de uma análise delicada das violências e intimidades que ocorrem nos limites da experiência vivida e das histórias construídas, Rouzbeh revela as minúcias do poder que reúne o mundo à nossa volta. Estudou escultura e instalação na Universidade OCAD e é pós-graduado em estudos visuais pela Daniel's School of Architecture, Design and Landscape. Rouzbeh é atualmente Doutorando da Escola de Geografia e Planejamento da Universidade de Toronto e também metade de Pejvak, uma dupla colaborativa de longo prazo com Felix Kalmenson.
AYỌ̀ AKÍNWÁNDÉ (NIGÉRIA)
Mumu LP Vol. 4: All The World’s Protest, 2022
Mumu LP Vol. 4: All The World's Protest é uma peça sonora de 12 faixas montada a partir de jam sessions improvisadas, interpretadas como respostas artísticas a sons de arquivo de protestos em todo o mundo em 2019.
Este projeto de som lida com a incompreensível tensão entre a nossa (in)capacidade de participar e o nosso desejo de conexão e compreensão, num mundo em ruínas com uma relação frágil entre poderosos e impotentes. A peça foi montada por meio da colaboração entre cinco músicos, trabalhando com saxofone, bateria, contrabaixo, guitarra e piano, e sentados nas suas salas de isolamento durante a pandemia global.
Fascinado pelo “Ano dos Protestos” – como jornalistas de todo o mundo chamaram 2019 – Akínwándé juntou obsessiva e meticulosamente recortes de notícias de manifestações que ocorreram em todo o mundo, para os articular numa instalação com música recém-composta.
A obra é a quarta parcela do recente projeto de pesquisa artística de Akínwándé, Archiving the Future. A série – um interrogatório sobre relacionamentos políticos no domínio público – foi inspirada por reuniões espontâneas e eventos políticos performativos em Lagos (África), onde o artista fez gravações de áudio e vídeo de conversas envolvendo realidades sociopolíticas diárias para evocar intimidade e monumentalidade.
Ayọ̀ Akínwándé é artista, curador, pensador e escritor. Com formação académica em Arquitetura, a sua prática é multidisciplinar, trabalhando em meios fotográficos, vídeo, instalação, som e performance. Ele explora as dinâmicas de poder, a relação entre o “poderoso” e o “sem poder”, tal como estas se manifestam nas camadas multifacetadas da realidade humana. Está interessado no fluxo de informações nos discursos democráticos globais e em como isso reflete as estruturas de poder existentes. O seu projeto “Archiving the Future”, um trabalho de pesquisa de longo prazo envolve a recolha e arquivamento de capturas de tela de meios sociais e gravações de som de conversas em paragens de autocarro na cidade de Lagos. A sua série de exposições “Power Show”, cria monólogos visuais e diálogos sobre realidades sociopolíticas na sua sociedade, incorporando processos arquitetónicos num detalhamento espacial e seccionamento das suas ideias e pensamentos, para evocar intimidade e monumentalidade. Akínwándé foi co-curador da primeira Bienal de Lagos, em 2017, e também foi artista participante da exposição realizada no Nigerian Railway Museum. Foi selecionado para a 2ª Bienal Internacional de Fotografia e Vídeo de Changjiang e fez parte da exposição “Chinafrika-underbuilding” no Museu de Arte Contemporânea de Leipzig. Em 2019, apresentou exposições individuais na Nigéria, Escócia e Cuba para a 13ª Bienal De La Habana.
YARA ASMAR (LÍBANO)
5:04 PM, 2023
Se o medo se insinua tão facilmente nos mundos fantásticos que nos protegem dos horrores da vida real, como é que esses minúsculos universos servem o seu propósito original? E por que é que as coisas que escolhemos não ouvir sempre encontram um caminho através das rachaduras onde apodrecem? 5h04 PM é um exercício de sestas e de acordar delas - um reconhecimento de como as coisas que desligamos sempre encontrarão a velha cadeira de balanço nos nossos sótãos e balançarão para a frente e para trás violentamente até que o rangido seja ensurdecedor. Gravei os sons desta peça usando um cravo antigo, caixas de música programáveis, pianos de brinquedo desconstruídos, acordeão e metalofones, executados em loops de fita e pedais.
Yara é uma musicista e marionetista de Beirute, Líbano. Ela incorpora acordeão, metalofone, eletrônica e piano de brinquedo preparado em seu trabalho.
AYA ATOUI (LÍBANO)
Scoring fear, 2023
O que começou como um estudo psicoacústico, transformou-se numa observação de respostas somáticas geradas por sons de horror. Interessei-me pela alquimia ou pela transmutação da matéria nas ciências ocultas. Nesse contexto, emoções sombrias como medo ou respostas emocionais como trauma tendem a ter a potência necessária para catalisar uma transformação profunda. Podemos usar o nosso medo e trauma num processo alquímico para curar as nossas feridas e as feridas dos outros ou fazer com que esse processo alquímico nos empurre ainda mais para um abismo emocional. Esta é uma partitura orquestrada pelo clima político, uma partitura para o medo e uma ode à alquimia.
Aia é, acima de tudo, uma criadora de imagens cujo interesse pelo som atingiu o pico depois de ter visto como o som alquimiza a imagem repetidas vezes. Nas suas observações da referida alquimia, o seu estudo do som recai agora na orquestração de uma narrativa sensorial através da polinização da psicoacústica e do som emotivo.
TERESA BARROZO (FILIPINAS)
i want this but
||: this is not what i want :||, 2023
eu quero isso, mas ||:não é isso que eu quero:|| é uma investigação sobre a natureza maleável, às vezes manufaturável, da verdade. Originalmente mostrada como uma instalação sonora de duas salas para a Pablo Gallery (Manila, Filipinas), esta versão é retrabalhada para um único espaço, mantendo a “trompa” (alto-falante de corneta) e vários alto-falantes menores envolvidos numa violenta cacofonia de palavras mutantes: Verdadeiro, Bom bonito. Para enfatizar ainda mais a natureza cíclica da peça, os ouvintes são chamados por marcas de repetição musicais encontradas no espaço. Eles também são convidados, com a adição de microfones de pé [na versão expositiva original], a contribuir com as suas vozes na paisagem sonora do zumbido, repetindo as palavras que ouvem nos seus próprios idiomas, criando uma câmara de eco. Uma verdade torna-se mais verdadeira quando amplificada por muitos? A repetição legitima a bondade e a beleza?
Este trabalho é resultado de uma luta pessoal contra o abuso de poder, agravada pela cultura filipina de revisionismo histórico e propaganda.
Teresa Barrozo (n.1982, Filipinas) é uma artista sonora, compositora e ouvinte curiosa com uma vasta obra para cinema, teatro e dança. As suas composições foram apresentadas nos Festivais da Asian Composers League no Japão e na Tailândia, e nas Semanas da Ásia-Pacífico na Alemanha. Os seus trabalhos de música para cinema fizeram parte dos principais festivais internacionais de cinema em Cannes, Veneza, Toronto, Locarno e Berlim, para citar alguns. Recebeu o Prémio Ani ng Dangal da Comissão Nacional de Cultura e Artes das Filipinas e participou do Programa Internacional de Estágio Biosphere Soundscape. Em 2014, tornou-se membro do Conselho Cultural Asiático em Nova York, onde se concentrou em arte sonora e design, performance e práticas sonoras contemporâneas em escuta, gravação de campo, ecologia acústica, neuromúsica e composição de música eletrônica e computadorizada. Influenciada por novas práticas na arte contemporânea, tradição na orquestração auditiva e narrativa no cinema e no teatro, o trabalho sonoro atual de Barrozo expande-se para várias disciplinas, muitas vezes explorando e expondo novas perspectivas na cultura auditiva. Interessa-se pelo diálogo entre o som e o Homem enquanto investiga a relação do Homem consigo mesmo e com o ambiente.
ARIEL BUSTAMANTE (CHILE)
Colaborador do programa especial de eventos que decorrem em La Paz, Bolívia
Ariel Bustamante é um artista dedicado às tecnologias acústicas e espirituais do ar. As suas obras desenvolvem-se através de longos processos de acompanhamento criativo utilizando a respiração, a escuta e o canto como meios de conversação entre humanos, ventos ou flamingos. Vive na Bolívia e é membro do Laboratório de Pesquisa Ontológica Multiespécie da Universidad Mayor de San Andrés na cidade de La Paz. Os seus trabalhos e colaborações foram apresentados na Bienal de Veneza (IT), SAVVY Contemporary (DE), Het Nieuwe Instituut (NL), Festival Internacional de Artes Eletrônicas e Vídeo (MX), Liquid Architecture (AU), The New Museum (EU ), Museo Nacional de Bellas Artes (CL), Gessnerallee (CH) e Centro de la Revolución Cultural (BO).
ALEJANDRA CANELAS (BOLÍVIA)
Noqanchik, 2023
Usar o transporte público no dia a dia envolve um ir e vir de rostos, vozes, atitudes e sons, imagens, caminhadas, raiva. O transporte público na Bolívia, particularmente em Cochabamba, é repleto de momentos interessantes, e sobretudo de sonoridades.
Um passeio nos antigos autocarros, que chegaram a este país há mais de 40 anos, ou nos chamados miniautocarros é o convite de Noqanchik, que em quechua significa “nós”, para ouvir, escutar e deixar-se levar pelos sons dos veículos velhos e enlatados, pelas vozes que vão e vêm, pelas conversas e pela paisagem sonora que nasce sempre que se entra num autocarro ou miniautocarro.
Alejandra Canelas é psicóloga, radialista, educadora e artista sonora. Pratica psicoterapia feminista com mulheres e dissidências; e faz do rádio uma forma de luta, apostando no estabelecimento de diálogos sinceros, necessários e restauradores. Participou de diferentes processos criativos audiovisuais e sonoros.
LUCIA HERBAS CORDERO (BOLÍVIA)
Rimarispa Wakaswan, 2023
or Talking with the cows é uma proposta para ouvir os diálogos interespécies que acontecem nas terras cultivadas dos vales de Pocona em Cochabamba, entre humanos e bois. A yunta, tecnologia agrícola, existe há aproximadamente 5.000 anos, e chegou a esses territórios há mais de 500 anos, junto com o gado. Demorou algum tempo para que a população local e esses animais falassem a mesma língua.
Hoje, a produção agrícola depende quase inteiramente do yunta e da língua que o ativa. Estas sonoridades permitem-lhes não só comunicar, coexistir e trabalhar em conjunto, como também transformar e compor o ecossistema sonoro que habitamos.
Lucia Herbas Cordero é dançarina-performer, historiadora e radialista. O seu trabalho habita a arte contemporânea e a pesquisa-ação a partir de diferentes metodologias, formatos e experimentações. As suas questões e práticas são atravessadas pela memória, pelo corpo, pela oralidade, pelo movimento e pela territorialidade. Participou de diversos processos de pesquisa e criação cénica e artes sonoras. Nos últimos 12 anos, tem participado em projetos comunitários e autogeridos de contrainformação e rádio, a partir dos quais começou a explorar e refletir sobre o mundo do som. Ela tem uma residência dupla (rural-urbana) como a maioria da população migrante de Cochabamba. Ainda acredita em espaços autónomos e nos vínculos e desejos que os sustentam.
JIMENA CROCERI e SARA HAMDY (ARGENTINA/EGITO)
Wood Songs, 2019 em curso
Wood Songs é um projeto de improviso vocal inspirado nos veios e nos nós da madeira. O projeto relaciona o movimento e a emoção da voz humana com o movimento dos fluidos internos da árvore. Iniciado pela artista Jimena Croceri, o trabalho foi realizado em conjunto com a artista Sara Hamdy, usando dois pedaços de madeira como partitura visual.
Jimena Croceri é uma artista argentina que vive e trabalha em Buenos Aires. A sua prática artística caracteriza-se pela intenção e pela experimentação, pela resistência e pela fluidez. Adoptando um método laboratorial, que não é nem racional nem estéril, mais curioso do que rigoroso, o seu trabalho é composto por vários elementos com igual importância: tempo, poesia, colaboração, correlação e coincidência. Utilizando materiais do quotidiano e elementos naturais, o seu trabalho investiga pontos de flexibilidade entre gestos, rituais e performances. Residências e prémios recentes incluem a Bolsa Pernord Ricard 2020 para ser a residência na Villa Vassileff (Paris, França). As performances, workshops e exposições de Croceri foram acolhidas, entre outros, pelo Museum of Sex (Nova Iorque, 2022) Ming Contemporary Art Museum (Shangai, 2022) Centro Cultural kirchner (BsAs, 2021) Raven Row gallery (Londres, 2019), Ausstellungsraum Klingental (Basileia, 2021 e 2019), Cabaret Voltaire (Zurique, 2019), Museu de Arte Moderna (BsAs, 2021), Museu de Arte Latino-Americana (Buenos Aires, 2017) Faena Art Center (BsAs, 2017), entre outras instituições e espaços culturais.
Sara Hamdy é uma artista multidisciplinar egípcia, investigadora e fundadora da iniciativa "Sonic Spaces", que visa arquivar e promover estudos sonoros e práticas sonoras criativas no Egipto. Os seus projectos artísticos investigam o potencial do som enquanto meio na arte visual contemporânea. Os seus trabalhos incluem instalações, textos, sons, desenhos e actos performativos ao vivo. Participou em várias exposições e eventos artísticos relacionados com o som e com as artes visuais desde a sua licenciatura em 2009. É licenciada em Belas Artes, no departmento de pintura a óleo, pela Universidade de Helwan, no Egipto. Recebeu uma bolsa artística da Fundação Radio Corax na Alemanha e uma residência artística na Fundação Pro Helvetia em 2019, participou nos programa de reescrita de Crítica na Townhouse Gallery of Contemporary Art em 2017, no Mass Studio Alexandria-Egito em 2016, e no HWP Program do Ashkal Alwan, em Beirute, no Líbano em 2013. No seu trabalho artístico, explora o impacto arquitetónico e espacial das instituições de saúde mental; temas de comunicação; linguagens humanas e não humanas; e espaço. A exploração destes temas tem como objetivo a desconstrução e compreensão da agência oculta de sistemas materiais e imateriais para imaginar espaços alternativos e despretensiosos que enfatizam a subjetividade tanto da ciência como da arquitetura.
SILVIA RIVERA CUSICANQUI (BOLÍVIA)
Colaboradora do programa especial de eventos que decorrem em La Paz, Bolívia
Silvia Rivera Cusicanqui (La Paz, 9 de dezembro de 1949) é uma socióloga, ativista, teórica contemporânea e historiadora boliviana. Pesquisou a teoria anarquista, bem como as cosmologias Quechua e Aymara. Foi diretora e cofundadora em 1983 do Taller de História Oral Andina (THOA) e atualmente dirige o Colectivo Ch'ixi. Também trabalha diretamente com os movimentos indígenas da Bolívia, como os tupacataristas e os cocaleros.
TARA FATEHI e POUYA EHSAEI (IRÃ/REINO UNIDO)
From the Lips to the Moon, 2023
As palavras voam dos lábios e giram para a lua. todo o caminho. juntando poeira. reunindo luxúria, amor, amnésia. em algum lugar no espaço, na escuridão total antes do nascer da terra, você percebe que oscilar não é uma palavra, mas lembre-se de que maahi ro har vaght az aab begiri taazas, contanto que você possa ignorar o cheiro de peixe. carregadas de subfrequências, bile, política, capital e monóxido de carbono, as palavras atingem a lua, criando crateras, montanhas e leitos de rios vazios.
From the Lips to the Moon é uma colaboração entre Tara Fatehi e Pouya Ehsaei. Brincando com as sinergias entre palavras, melodias, idiomas e batidas, a música e a paisagem sonora de Pouya fundem-se com a voz e as palavras de Tara para contar não-histórias em arrepios e linguagens semi familiares.
Pouya e Tara organizam From the Lips to the Moon como noites regulares de música e poesia em Londres, onde convidam outros poetas, músicos e artistas visuais para se juntarem a eles na criação de apresentações ao vivo.
Tara Fatehi é uma artista multidisciplinar, performer e escritora. Cria peças poético-políticas através de performance, texto, movimento, vídeo e voz. O trabalho de Tara joga com a ambiguidade, erros de tradução, disjunção, incompletude e narrativas confusas encontradas e perdidas na vida quotidiana. Apresentou trabalho na Royal Academy of Arts, Nuffield Theatre, Nottdance, Chapter, Julidans e Montpellier Danse, entre outros. Com foco nas inter-relações de arquivos e performance na sua investigação de doutoramento (2020), Tara criou o projeto e publicou o livro Mishandled Archive, com 365 fragmentos de documentos de família por meio de performance e fotografia. Em 2021, Tara foi a primeira artista residente nos Arquivos das Nações Unidas em Genebra.
Pouya Ehsaei é compositor, designer de som e músico eletrónico. Experimenta diferentes técnicas de composição e síntese de som para criar uma passagem sonora através de paisagens sonoras hipnóticas, batidas industriais, miniaturas sonoras intrincadas, paisagens sonoras épicas, ritmos poliméricos fractais e sub-frequências pulsantes de forte impacto. Faz parte da banda de jazz eletrónico Ariwo e do Parasang, uma iniciativa que reúne músicos de todo o mundo para criar concertos improvisados pontuais. Já se apresentou no Royal Albert Hall, Montreux Jazz Festival, Barbican Centre, Southbank Centre, Royal Academy of Arts, Womex, Womad e festival Fusion, entre outros. Colabora regularmente com outros artistas em projetos de dança, performance, jogos de vídeo e filmes.
Ibelisse Guardia Ferragutti
Ibelisse Guardia Ferragutti é uma artista interdisciplinar, performer, vocalista e musicista residente em Amsterdão. Nascida na Bolívia e criada no Brasil, Ibelisse estudou dezoito anos de piano clássico e dez anos de dança contemporânea e teatro, antes de se formar e obter seu bacharelato em Performance na Amsterdam School of the Arts em 2006. Na Holanda, desenvolve a sua prática sob a forma de performances, concertos e workshops. Faz parte de um extenso grupo de colaboradores em diferentes áreas, tais como: The Paper Ensemble, BoogaerdtVandeSchoot, Schweigman&, MTG Bambie, Ulrike Quade, de Veenfabriek. Os seus trabalhos e apresentações a solo fizeram parte, entre outros, do Minimal Music Festival, Rewire Festival, November music, Gaudeamus Festival, iii (iniciativa dos inventores de instrumentos). O seu trabalho está profundamente entrelaçado com a cosmologia andina pós-colonial(idade), como fonte de recuperação, resistência e resiliência. Corporeidade, práticas sonoras e transe são os seus meios escolhidos como pontes para conjurar e compor em ressonância, com e contra suas linhagens ancestrais. Colaboradora do programa especial de eventos realizados em La Paz, Bolívia
VICTOR MAZON GARDOQUI (ESPANHA)
Ecología de los medios en el Salar de Thunupa /
Media ecology on Thunupa Salt flat, 2015
Um estudo da tecnologia de media, redes de comunicação e poluição nos eixos horizontal e vertical da paisagem do salar de Thunupa, e como essa hertziosfera se espalha pelos ambientes habitados.
O salar é um vasto ecossistema que contém mais de 60% das reservas mundiais de lítio e um local tático usado por militares, contrabandistas, turistas e satélites que calibram os seus sensores devido à superfície mais plana e reflexiva da Terra.
Por meio de um sistema de recetores feitos para escutar sinais de rádio de origem geogénica e antropogénica, a ação de escuta amplificou ecossistemas eletromagnéticos naturais, humanos e tecnológicos em comprimentos de onda que atravessam a espécie mas permanecem inaudíveis.
Víctor Mazón Gardoqui é um artista que se concentra em expor o inédito e o invisível, abordando o inacessível e experimentando vulnerabilidade e consciência no espectador. Perceção e estados alterados são conceitos-chave nas suas performances através do uso de som ou luz. A sua prática artística explora amplificação, fenómenos eletromagnéticos e imagens de campos invisíveis usando áudio locativo e eletrónica personalizada. O seu trabalho materializa-se em três campos principais: ações ou performances site-specific por meio de processos experimentais, exposições como consequências de ações anteriores e trabalhos colaborativos por meio de seminários para formar um diálogo comunitário. É um educador sénior e profissional que trabalha com hardware aberto e design de circuitos experimentais. Mazón Gardoqui pesquisa hardware aberto na RIAT e coordena workshops e formatos educacionais no domínio de estudos de dispositivos e aplicações sensoriais experimentais. O seu trabalho foi apresentado ou mostrado em museus, bienais, galerias, outdoors, telas urbanas e estações de TV/rádio na África, Rússia, Nepal, América do Norte, Canadá, México, Bolívia, Colômbia, Argentina, Uruguai, Antártida e vários países na Europa.
ABDELLAH HASSAK (MARROCOS)
En contact avec l'eau (In contact with water), 2019 / 2023
En contact avec l'eau (In contact with water) é uma peça sonora que explora a interseção entre som, ambiente e experiência humana. Foi produzido durante os estágios iniciais de um workshop de mapeamento de som urbano liderado por Abdellah M Hassak no contexto dos Ateliers Creatifs de Dar Bellarj com a QANAT em março de 2019.
Em colaboração com Amine Lahrach, a equipa realizou uma pequena experiência na Medina de Marrakech usando uma caixa de metal cheia de água à qual foram ligados dois microfones acústicos. O objetivo era capturar as paisagens sonoras acústicas dessa experiência, oferecer uma experiência de escuta participativa e inspirar o público a imaginar e desenvolver um senso de agência e pertencimento, indispensável para a imaginação política e estética.
A peça instiga-nos a refletir de forma diferente sobre nossa relação com a água e o mundo ao nosso redor, destacando a importância da escuta ativa, empatia e criatividade no desenvolvimento de uma compreensão mais profunda de nosso ambiente. A peça foi reduzida de 30 para 15 minutos sem fazer escolhas políticas ou estéticas, para torná-la mais acessível dentro do contexto de tempo de audição limitado.
Abdellah M.Hassak é artista sonoro, novas medias, produtor musical e diretor artístico. Abdellah colaborou com muitas instituições e espaços culturais em Marrocos e no estrangeiro, na rádio e na prática sonora. Lançou a plataforma de som Radio and Archive Mahattat Radio. Como DJ e produtor, Hassak produz e desenvolve música afro-futurística sincrética com gravações de campo. Sob o apelido de Guedra Guedra, explora polirritmias tribais e inovações nas pistas de dança underground. O seu álbum de estreia, Vexilologia, foi avaliado por Bandcamp, Resident Advisor, The Guardian, KEXP, Pitchfork e Mixmag. Hassak também é cofundador da 4S’, ONG marroquina que carrega o projeto FeMENA, dedicado à profissionalização de mulheres no setor de música eletrônica.
HASAN HUJAIRI (BARÉM)
10,000 Simple Steps to Perfectly Draw an Arabian Horse, 2014
Os cavalos aparecem em obras de arte ao longo da história. No Golfo, cavalos árabes são temas de milhares de pinturas, fotografias e esculturas. São os temas mais populares para artistas ao lado de paisagens e retratos de dignitários. Nesta obra, Hujairi comenta os desafios de um artista no Golfo hoje, bem como as metodologias de arte-educação. Enquanto o público se senta numa mesa, instruções escritas e ferramentas para desenhar são oferecidas, o público é instruído a carregar no play num mp3 player e os headphones começam a tocar uma composição de Hujairi. Ouvimos a voz de um menino (com sotaque Khaleeji) guiando-nos passo a passo para desenhar um cavalo. Essa voz justapõe-se ao som do instrumento coreano de cordas marteladas, o yangeum, que o artista estudava na época da produção da obra enquanto doutorando em composição musical em Seul, na Coreia do Sul. Essa colocação da voz acima do instrumento reflete o questionamento do artista sobre a pedagogia da arte.
Este trabalho foi apresentado pela primeira vez (como uma peça/instalação sonora instrucional) na EOA Gallery (Londres, Reino Unido), entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, como parte de uma exposição coletiva chamada NEVER NEVER LAND. O aspecto somente sonoro da obra também foi publicado online pelo Leonard Music Journal como parte de uma seleção com curadoria de Lucas Ligeti numa série chamada Sonic Commentary: Meaning Through Hearing.
Hasan Hujairi (n. 1982) é um artista, compositor e escritor do Bahrein. O seu trabalho frequentemente explora a noção de forasteiro, confrontando superestruturas (historiográficas) e a natureza da construção de narrativas dentro do tempo. Doutor em Artes Musicais, com especialização em composição musical pela Universidade Nacional de Seul (Seul, Coreia do Sul), pesquisou a reorientação da narrativa associada à tradição do compositor independente para ser mais inclusiva de compositores que trabalham fora da tradição da música clássica ocidental. Tem ainda um mestrado em economia pela Hitotsubashi University (Tóquio, Japão) em história económica e economia regional, e escreveu sua tese sobre a importância de pensar a região do Golfo em ambos os seus litorais dentro de uma historiografia Braudeliana. Desde o início de 2023, é gestor do departamento de música da Sharjah Art Foundation.
IGOR JESUS (PORTUGAL)
Fotogramas, 2023
Fotogramas é uma obra que reúne dois arquivos de imagens e sons. Adotando os princípios tecnológicos dos sonares e dos sintetizadores modulares, Igor Jesus criou um dispositivo, que funciona como uma prótese para as imagens dando voz a cada uma delas numa proto-linguagem. Nesse processo, o artista especula sobre as possibilidades sonoras de cada matéria.
Igor Jesus (Lisboa, 1989) é licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Foi galardoado com o Prémio Caixa Jovens Artistas (2022) e o Crear/sin/prisa, Cervejas Alhambra/ARCO (2019), e foi finalista no EDP Novos Artistas (2017). Jesus foi artista residente na Kunstlerhaus Bethanien (2017) com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Jesus expõe regularmente, em exposições individuais como Banho Maria (Escola das Artes Porto, 2022); Clávier à Lumier (Rialto6, 2021); Câmara (Capela Carlos Alberto, 2020); Safelight (Gal. Filomena Soares, 2019); Strob (No Entulho/Artworks, 2019); Ligado à Terra (Kunstraum Botschaft, 2018); Antropofagia (Feira de Arte de Colônia, 2018); Te amo até os ossos (Gal. Filomena Soares, 2017); Liebe bis unter die haut (Künstlerhaus Bethanien, 2017) e Chessari (Solar Gallery, 2016), além de participar de diversas exposições coletivas. As suas obras fazem parte de várias coleções de arte privadas e públicas, como António Cachola, Fernanda Ribeiro, Fundação EDP, Norlinda e José Lima, Teixeira de Freitas e Associados, entre outras, em Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda e Brasil.
JASON KAHN (EUA/SUÍÇA)
On Any Sunday, composed and recorded March 25 - April 9, 2023
O título desta composição refere-se ao facto de que todos os sons aqui utilizados foram gravados em vários domingos. A peça começa com uma gravação da minha filha e da sua amiga num jogo de contagem comum aqui na Suíça, enquanto estávamos num autocarro a voltar de um dia na piscina local. No final da peça, elas estão contando novamente, mas desta vez porque eu acabei de explicar a elas que, contando o número de segundos após o estrondo de um trovão, pode-se determinar a que distância um raio caiu. Foi um dia muito chuvoso.
As gravações da partida de futebol também aconteceram num domingo, desta vez no Estádio Letzigrund, aqui em Zurique, onde moro. O estádio fica do outro lado da rua do meu estúdio. Posso ouvir claramente os jogos das janelas do meu estúdio, mas para essas gravações desci ao nível da rua para fazer as gravações, no meio de todos os adeptos rivais, da polícia de choque e das pessoas que regressavam a casa após o jogo. Não houve tumulto neste dia, felizmente.
Outros sons da peça foram gravados no labirinto de passagens subterrâneas sob o prédio onde tenho o meu estúdio. Usei a minha voz e movimento pelos diferentes corredores e escadarias para explorar os espaços. Embora eu tenha o meu estúdio aqui há quase três anos, só descobri alguns desses lugares pela primeira vez durante as gravações desta composição. Muitas vezes prefiro esses ambientes sonoros sujos, com muitos ruídos de fundo, como o zumbido de máquinas, sistemas de circulação de ar, luzes zumbindo, água borbulhando em canos e assim por diante.
E por isso, quando gravei guitarra, eletrónica e harmónio, tudo isso aconteceu numa pequena sala adjacente ao meu estúdio atual, com as janelas abertas e todos os sons de domingo a entrar, a acústica preferida de um espaço fechado. Incluí esses sons musicais mais padronizados porque a peça não é apenas sobre os sons ambientais que encontrei em vários domingos, mas mais sobre a ideia de espaço social e como todos esses vários sons contribuem para minha vida diária. Também espero mostrar que não deve haver hierarquia entre esses sons ambientais gravados e os sons tocados nos meus instrumentos. É tudo uma música quotidiana para os meus ouvidos.
Nascido em 1960 em Nova York, Jason Kahn é um artista, músico e escritor, que vive em Zurique. Kahn apresentou as suas instalações e intervenções em espaços públicos internacionalmente. As suas obras centram-se na ideia de espaço: os pontos de junção conceptual e físico, a sua produção e dissolução, e a nossa relação com ele enquanto meio político, social e ambiental. Como músico eletrônico, guitarrista, vocalista e percussionista Kahn atua como solista e colabora com outros no contexto da música improvisada livre. Também compôs inúmeras peças eletroacústicas e partituras gráficas. O seu trabalho pode ser ouvido em mais de duzentos discos. O trabalho escrito de Kahn apareceu em livros, revistas e como encarte de publicações de áudio. As suas outras atividades incluem peças sonoras para rádio, cinema, dança e teatro. Várias escolas de arte convidaram Kahn para dar palestras e workshops, incluindo a Zürcher Hochschule der Künste, a École Supérieure d ́Art de Mulhouse, a Cal Arts e a Huddersfield University.
DIRAR KALASH (PALESTINA)
Un-sieged resonance, 2023
A ideia para esta peça era trabalhar as gravações sonoras de Gaza como uma força “invisível” que poderia retornar, resistir, persistir e chegar a lugares que supostamente não pode. A maioria dos sons na gravação foi feita por diferentes pessoas que moram lá, já que nem eu nem milhões de palestinos podemos viajar para Gaza.
Dirar Kalash (n. 1982, Palestina) é um músico e artista sonoro que trabalha numa ampla gama de práticas e contextos. A sua produção inclui álbuns solo e colaborativos, instalações sonoras, trabalhos sonoros para rádio e música para teatro. Kalash também atua como investigador, educador e palestrante em vários tópicos relacionados com som e música. Apresentou trabalho em vários festivais e locais na Europa e na Palestina.
ARENDSE KRABBE (DINAMARCA)
The non-human speakers, 2023
O que significa dar atenção a algo a que habitualmente não se dá atenção? Quais são as forças da escuta? A noção de escuta como um devir interessa-me. Experimento e faço exercícios onde a escuta altera hábitos, posições e hierarquias entre humanos e não humanos. Através da escuta mútua, novos relacionamentos são criados e um outro mundo aparece.
Obrigado Jakob Kullberg, Ole Buck e Jenny Gräf Sheppard pela vossa participação (em ordem de aparição). Obrigado Christine Krabbe e Elvermose Concert Hall por facilitarem uma gravação. Mistura de som: Arash Pandi.
Arendse Krabbe (nascida em 1979) é uma artista visual residente em Copenhaga. Trabalha individual e coletivamente, sendo a escuta uma prática que a move. Krabbe escuta na tentativa de abrir e possibilitar espaços de diferenças, complexidades, movimentos e emaranhados. Nesse sentido, ouvir tem o potencial de criar novos / outros coletivos entre espécies, sistemas, etnias e fronteiras. Krabbe também faz parte da The Bridge Radio, uma plataforma de rádio comunitária on-line que produz rádio sobre políticas de migração, liberdade de movimento, lutas de migrantes, deportação e fronteiras. O trabalho de Arendse Krabbe materializa-se em áudio, vídeo, performance, texto, situações de escuta e obras site-specific no espaço público.
LANDRA (SARA RODRIGUES COM RODRIGO B. CAMACHO) (PORTUGAL)
The Great Sucession, 2022/23
Com a ajuda de um microscópio, Landra mostram e analisam uma grande variedade de tipos de solo, buscando a forma como os micro-organismos interagem consigo mesmos e com o ambiente. Neste processo, fica claro como criaturas minúsculas, invisíveis e inaudíveis, produzem o próprio ambiente a partir do qual plantas e animais emergem. Na ausência de limitações, todos os biomas terrestres avançam constantemente para se tornarem uma floresta milenar.
Na tentativa de entender melhor nosso próprio lugar neste planeta, Landra sonificam a teia da vida, evidenciando como ela, se desimpedida, se expande de maneiras cada vez mais complexas e diversas, através de uma sucessão de estágios ecológicos fixos.
Sara Rodrigues e Rodrigo B. Camacho conheceram-se na Goldsmiths, University of London enquanto estudavam composição musical e arte sonora e, desde 2015, trabalham juntos. Os seus projetos assumem as formas de composição audiovisual, performance, instalação e intervenções no espaço público. Estão interessados em sistemas que duram organicamente no tempo e no espaço; e em responder com flexibilidade à mudança constante. Para além da carreira artística, a permacultura e a microbiologia são áreas que investigam e cujos conhecimentos aplicam tecnicamente nos seus projetos. Sara e Rodrigo moram num lugar que chamam de Landra, nome pelo qual também a sua prática artística é conhecida. O termo refere-se concretamente às bolotas que, no noroeste ibérico, representam um símbolo de autonomia, soberania e autossuficiência.
YOLANDA MAMANI MAMANI (BOLÍVIA)
Colaboradora do programa especial de eventos realizados em La Paz, Bolívia
Yola Mamani Mamani, nascida em Santa Maria Grande, Província de Omasuyos, Departamento de La Paz, Bolívia. É estudante de Sociologia na universidade pública, feminista Chola, membro do Women Creating, ex-empregada doméstica assalariada e eternamente comprometida com este setor. Produtora e apresentadora do programa “contação de histórias” (crónicas de rádio) na Rádio Deseo 103.3 FM, meio social do Mulheres Criando. Produtora do canal do YouTube “Chola Bocona”.
MAMORU (JAPÃO)
NEVER BE NO VOICE - a reflection on a collective voice, 2023
O artista apresenta-se e apresenta o título da peça e rapidamente a peça transforma-se num monólogo do artista, que é tecido com uma intrincada paisagem sonora feita com muitas gravações de diferentes projetos, parte de um trabalho finalizado nunca publicado, e gravações que não foram selecionadas para serem usadas em peças anteriores. Como a peça revela a essência de vários projetos, que têm tudo a ver com a ideia de voz coletiva, torna-se a voz coletiva de um artista e um convite sonoro à reflexão sobre a ideia de escuta.
Mamoru nasceu em Osaka. Vive e trabalha em Bruxelas e Shizuoka, Japão. Estudou performance de jazz na City University of New York em 2001 e é mestre em Artistic Research pela Royal Academy of Arts e The Royal Conservatory, The Hague (2016). A potencialidade do que se pode experimentar e perceber através da escuta tem desempenhado o papel mais significativo na prática artística de Mamoru. Ao longo da sua jornada de escuta, a gama de coisas/assuntos a serem ouvidos foi expandida dos sons subtis da vida quotidiana para textos e imagens que estimulam a imaginação sonora e para as histórias sem voz dos oprimidos. A pesquisa e o trabalho de campo geralmente levam anos antes de se tornar uma performance, palestra, instalação, filme ou ensaio em vídeo. As obras incorporam voz, fala, texto escrito, legendas, gravações de campo, música e muitas vezes envolvem colaboração com outros. Trabalhos recentes incluem “THIS probably IS NOT AN EXHIBITION(then otherwise what?) (Kyoto City University of Arts, Kyoto, 2022)”, “Amongst the Silence” (Kaohsiung Museum of Fine Arts, Kaohsiung, 2021), “Present Day in Times Past”(Museum of Contemporary Art Tokyo, Tokyo, 2019-20), “Parallax Trading”(das weisse haus, Vienna, 2019), “10th Yebisu International Festival for Art and Alternative Visions – Mapping the Invisible (Tokyo Photographic Art Museum , Tóquio, 2018), “Reperformed Stereotypes” (iCAN, Yogyakarta, 2017).
SARY MOUSSA (LÍBANO)
Retrieval, 2023
Esta peça sonora é baseada em três gravações de campo diferentes feitas em vários locais no Líbano e escolhidas pelas suas propriedades sonoras: um rebanho de ovelhas no sul, uma corrida de táxi em Beirute e sons de batidas em metal dentro da cúpula Rashid Karame em Trípoli. As três gravações foram usadas como material de origem, mas também como gatilhos para acionar sintetizadores e baterias eletrónicas. Um sistema reativo foi construído para responder às gravações originais, desencadeando uma cadeia de eventos e efeitos generativos. A resposta depende das propriedades sónicas e das dinâmicas de cada material de origem. A seção de string é o único elemento fora deste sistema.
Sary Moussa é um designer de som, produtor e engenheiro ativo na cena experimental e underground de Beirute desde 2008. Seu trabalho varia de música conduzida por drones a eletrônica de pista de dança com foco em design de som e texturas sonoras. Para além do seu trabalho individual, Moussa também compôs música para espetáculos de teatro e dança, filmes e instalações. Lançou o seu primeiro álbum completo, Issrar (2014 em Ruptured) sob o apelido de radiokvm e o seu último álbum, Imbalance (Other People - 2020 em Other People), como Sary Moussa.
ARNONT NONGYAO (TAILÂNDIA)
Opera of Kard (Market), 2023
A obra (na versão instalação) contém 12 alto-falantes: cada alto-falante reproduz os sons de kard ou de mercados locais no norte da Tailândia. Esses mercados acontecem uma ou duas vezes por semana e são locais de encontro onde pessoas de diferentes origens étnicas se reúnem, comunicam e fazem trocas comerciais. No entanto, não vejo o kard apenas como um lugar onde as pessoas e as culturas se misturam; é também um lugar onde coisas incomuns também se reúnem. Assim, cada kard é uma combinação de partitura musical e jamming session; são eventos únicos. Fiz gravações de campo de 12 mercados ao longo de um ano. Captei os vários sons e vibrações dos mercados, desde pessoas a conversar, a pássaros a cantar e vento a soprar. Estes sons foram editados, rearranjados e compostos numa única peça musical. A obra é um conjunto que realiza uma performance sociocultural operística do kard onde o público é convidado a passear ou a sentar-se a ouvir.
Arnont Nongyao mora em Chiangmai (TH) - cidade de Ho Chi Minh (VN) é um artista interessado e apaixonado pela vibração das coisas. Gosta de ouvir tudo o que o inspira a fazer arte sonora experimental. O professor mais importante para si, “o mestre Khvay Loeung” inspirou-o a ouvir e “destruir-se de ser você mesmo”.
Algumas das suas exposições incluem a exposição individual “Another Sound” com Khvay Loeung, os projetos “Sa Sa Art”, “Phnom Penh” e “Chiang Mai, Camboja – Tailândia” (2018), e as exposições coletivas “Opera of Kard”, na Singapore Biennale (2019), “Currents” (2019), Phnom Penh, Camboja, “A Visiblelity Matrix”, The Secession (2019), Viena, Áustria, Bangkok Art Biennale 2018, Bangkok, Tailândia, “Postscripts” Bangkok Biennale, Bangkok, Tailândia (2018).“Unstable(ry) Life” (2016), “Manif d'art”, Quebec, Canadá, 16ª Bienal de Arte de Media WRO 2015: Test Exposure, Wroclaw, Polónia, “TRANCE” na Gallery VER, Bangkok, Tailândia (2014), “PROXIMITY”, parte da inSPIRACJE International em 13 MUZ, Szczecin, Polónia (2014).
AYUMI PAUL (ALEMANHA)
The Singing Project, 2020-
The Singing Project é uma prática coletiva e uma escultura cantada. Convida a uma mudança de atenção no sentido de conectar e cocriar uma linguagem sonora comunitária baseada na sintonia com o momento presente, na escuta e no canto intuitivo. O projeto começou em 2020 como parte da exposição individual “Sympathic Resonance” no Kunsthalle Osnabrück e atualmente está presente no Gropius Bau Museum em Berlim, onde assumiu várias formas, como workshops, encontros e uma exposição que se instalou como uma partitura aberta e um convite aos visitantes para formar o espaço com as suas vozes.
O projeto transforma os museus em lugares de música contínua, mas, em última análise, está enraizado e feito para a vida quotidiana. O projeto tem o potencial de se transformar em vários formatos e criar novos pontos de conexão, como esta peça de áudio para a The Listening Biennial.
Ayumi Paul é uma artista e compositora que trabalha com som, performance, ritual, papel, tecido, filme e instalação. A interdependência de todos os fenómenos é essencial para a sua prática, que se dedica a ouvir e envolver a não linearidade do tempo. Ela estudou violino clássico na Hochschule für Musik Hanns Eisler em Berlim e na Universidade de Indiana e apresentou-se em muitas das principais salas de concerto do mundo por mais de 15 anos, enquanto desenvolvia continuamente a sua abordagem multidisciplinar para explorar o som e a consciência. O trabalho de Paul é hoje apresentado principalmente em contextos de arte visual e performativa, incluindo Kunsthalle Osnabrück (2016 e 2020), National Gallery Singapore (2018 e 2021), SFMOMA (2021), Villa Massimo (2021), Auditorium Parco della Musica (2022), Gropius Bau Berlim (2022).
PLANETARY LISTENING (ALEMANHA)
Elsewhere, here, 2023-
Sob um céu crepuscular, nuvens de asas escuras salpicam o céu com um refrão hipnotizante... para desaparecerem na vida dos seres aéreos, de repente, de um parque da cidade.
Planetary Listening é um grupo internacional de artistas e investigadores interdisciplinares, formado em Berlim em 2021 com a intenção de pensar em conjunto em torno de questões como: O que pode significar ouvir além do humano? É possível reorientar a nossa perceção e compreensão de voz e agência para outras formas de vida? Podem as práticas artísticas abrir caminhos de convivência e de colaboração ecológica para alimentar futuros sustentáveis e planetários imaginários? Através de estudo partilhado, diálogo, investigação localizada e trabalho criativo, o grupo explora o que pode ser uma ética planetária.
BERNARDO ROZZO (BOLÍVIA)
Colaborador do programa especial de eventos realizados em La Paz, Bolívia
Bernardo Rozzo é um músico e antropólogo boliviano. Doutor em Etnomusicologia (bolsistas FAPESB e CNPQ), professor e investigador em Antropologia (UMSA, Instituto de Investigação Antropológica e Arqueológica), é também fundador do Laboratório de Estudos Ontológicos e Multiespécies (ONTOlab/multiESP), e membro co-fundador do coletivo Antropologia da Arte e Crítica Cultural (AACC). Atualmente, estuda os sonorismos ameríndios e as ontologias relacionais da escuta, o papel da música e dos sons em diferentes rituais de cura e o efeito que estes têm em contextos urbanos. Tem experiência em criação, análise e produção de audiovisuais, principalmente de composição e experimentação sonoro-musical, Sound Design e Listening. Desde 2014, iniciou um caminho de combate ao cancro, tornando-se curador (yatiri) e guia espiritual, nos sistemas terapêuticos andino-amazónicos e, a partir daí, tem procurado pontes teórico-metodológicas entre as Artes, as Ciências Sociais e os sistemas terapêuticos de povos ancestrais.
GRISELDA SANCHEZ (MÉXICO)
Viento Sagrado, 2023
O “vento sagrado” de Bi Nandxó é o testemunho sonoro do impacto ecológico, económico e social gerado pela afetação social, económica e ecológica gerada pela construção forçada de parques eólicos no Istmo de Tehuantepec, Oaxaca, no México. O dispositivo sonoro de esfoliação que ouvimos são as torres de energia eólica, torres de geração de energia eólica com o barulho do rotor da turbina, a nacela, as suas pás, os seus apitos contra o vento, o motor, e acima de tudo um zumbido que pode ser ouvido a metros de distância e que nunca, nunca pára. Um som de que os mais velhos não se lembram e que se integrou quando os parques eólicos chegaram a esta zona.
Griselda Sanchez é Ñuu Savi Sound Artist, Jornalista e Produtora de Rádio Comunitária. Por mais de uma década, tem organizado workshops para rádios comunitárias especificamente com mulheres radialistas. Recebeu vários prémios da Bienal Internacional da Rádio e participou em diferentes rádios nacionais e internacionais em diversos Festivais Nacionais e Internacionais de Arte Sonora. A sua paixão é caminhar pelas florestas, selvas e terras altas. Mantém um posicionamento político e comunicacional em defesa da vida. É autora dos livros: La Línea; Relatos de la resistencia en Atenco (2010); Aire, No te vendas: La lucha por el territorio desde las ondas (2016); Hacedoras de estrellas (2022). A sua pesquisa mais recente, intitulada Canto a la Lluvia; construcción de territorios sonoros, alteraciones y megaproyectos, faz parte da sua tese de doutoramento em Desenvolvimento Rural na UAM-X. Imersa num profundo processo de reparação orgânica, mantém uma ligação estreita com fitoterapia e participa de um laboratório de bio-construção e agricultura orgânica em San Agustin Etla, Oaxaca.
ALEXANDRE ST-ONGE (CANADÁ)
IYE Efface IYE Pi Once Si Tu Veux IYE Du Fousse, 2023
IYE Efface IYE Pi Once Si Tu Veux IYE Du Fousse é uma peça construída com 3 poemas sonoros curtos entrecortados por faíscas de detritos vocais.
Alexandre St-Onge é um artista intermedia e performer sonoro que explora a mutação do corpo performativo através das suas mediações sonoras, textuais e visuais. Doutorado em arte (UQAM, 2015) e professor assistente na l'École d'art da Universidade de Laval, é fascinado pela criatividade como abordagem pragmática do inapreensível e já publicou mais de vinte trabalhos e apresentou seu trabalho nacional e internacionalmente. Fundou éditions|squint|press com Christof Migone e trabalhou com coletivos e artistas como: Marie Brassard, Simon Brown, Karine Denault, K.A.N.T.N.A.G.A.N.O., Lynda Gaudreau, Klaxon Gueule, kondition pluriel, Suzanne Leblanc, mineminemine, Line Nault, Jocelyn Robert, Second Regard, Shalabi Effect, undo e Unzip Violence entre outros.
THE OBSERVATORY (SINGAPURA)
Refuse, 2023
REFUSE foi uma exposição intermedia com base nas influências do passado e do presente da banda The Observatory, reunindo os seus interesses em fungos e em redes miceliais para explorar as ideias gémeas de decomposição e composição de perspetivas biológicas e musicais. A apresentação incluiu um espaço e arquivo baseados no tempo e na fala sobre as metodologias em constante evolução dos The Observatory, as comunidades que as cercam, bem como o papel que desempenhamos na cena musical de Singapura.
Uma documentação em vídeo que serve como uma espécie de corpo desta exposição e como uma obra de arte em si será apresentada para a apresentação da The Listening Biennial em Parola, em Manila. O elemento sonoro do vídeo compreende vários métodos de sonificação de fungos para serem percebidos como narração inter-espécies – uma espécie de composição por decomposição.
Para os espaços da rede The Listening Biennial, apresentamos a documentação de áudio de uma das emissoras da REFUSE. Em formatos antigos de reprodução de áudio (como fitas cassete e CDs), observamos que os fungos, na forma de mofo, sempre marcaram a sua presença simbiótica para existir com a fita ou CD. Essa colaboração com o áudio gravado geralmente criava um remix completamente novo do material. No meio digital atual, excluímos a capacidade de colaboração dos fungos. Para este trabalho, adotamos uma abordagem especulativa para reintroduzir a colaboração dos fungos com a media digital. Sinais bioelétricos obtidos de uma jarra de fungos Ganoderma sp em crescimento foram enviados por meio de uma lista de reprodução selecionada da discografia dos The Observatory. Com isso, o fungo estava livre para remixar esta lista de reprodução seguindo a sua fantasia eclética. Como a discografia da banda tem mais de 20 anos com trajetórias de géneros variados, pode-se antecipar o contraste do meditativo ao ruído extremo. The Observatory - longe de ser silencioso e objetivo como o próprio nome sugere - é uma banda cujo etos musical e cultural é responder e falar às aflições contemporâneas em Singapura e no meio global. A sua constelação atual é composta pelos multi-instrumentistas Cheryl Ong, Dharma e Yuen Chee Wai que trabalham na improvisação, na experimentação intermédia e em territórios adjacentes ao ruído. Ao enfrentar novas formas de desordens, The Observatory volta-se incansavelmente para agitar, confortar e resistir. Baseando-se em velhos e novos léxicos, The Observatory procura fazer a ponte entre artistas e expressões. Duas décadas depois, a prática polímata da banda engloba música e performance; festivais presenciais e programas de rádio online; exposições itinerantes e interdisciplinares.
ZORKA WOLLNY (POLÓNIA)
Slopiewnie (with Anna Szwajgier), 2010
Slopiewnie foi inspirada nas tradições eslavas da noite do solstício (noite de Ivan Kupala) e feita em colaboração com um grupo de alunos. A apresentação estreou no local do lago em Jelenia Góra, e mais tarde foi apresentada no salão vazio do Centro Comercial de Poznan, à meia-noite do Solstício de Verão, como parte do Summer Theatre Festival Malta. O público estava sentado no escuro, cercado por vinte artistas.
“Há uma crença de que a véspera de Ivan Kupala é a única época do ano em que as samambaias florescem. Prosperidade, sorte, discernimento e poder recaem sobre quem encontra uma flor de samambaia. Portanto, naquela noite, os aldeões vagueiam pelas florestas em busca de ervas mágicas e, principalmente, da indescritível flor da samambaia. Tradicionalmente, as mulheres solteiras, representadas pelas guirlandas em seus cabelos, são as primeiras a entrar na floresta. Elas são seguidas por rapazes...”.
Nasceu em 1980 em Cracóvia, Polónia. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha. As suas obras situam-se na fronteira entre a música e as artes plásticas e estão estritamente relacionadas com a arquitetura. Ela colabora - como diretora - com músicos, atores e dançarinos e sempre com membros das comunidades locais. Apresentou seus projetos na Bienal de Arquitetura de Chicago (2019), Festival Steirischer Herbst (2019), Teatro Hebbel am Ufer em Berlim (2018), Festival CTM em Berlim (2020, 2018, 2015), Savvy Contemporary em Berlim (2017, 2016), De Appel em Amsterdã (2017), Heroines of Sound Festival em Berlim (2017), International Studio & Curatorial Program em Nova York (2017), entre outros.
Entre 2004 e 2011 (antes de se mudar para Berlim) colaborou frequentemente com a compositora Anna Szwajgier. “As nossas composições eram puramente acústicas. Não usamos nenhum equipamento eletrónico ou amplificação de alto-falante. Na nossa prática explorávamos sons do quotidiano – ruídos do corpo humano, dos objetos, aqueles criados involuntariamente ao realizar atividades mais ou menos casuais como conversar, andar, rir, mastigar, suspirar, esfregar coisas umas nas outras. O que mais nos interessa é como tais ações, quando realizadas por um grupo de pessoas, transformam a qualidade do som de óbvia em indefinível. Como o timbre se torna um fator dominante. Também estávamos usando vários instrumentos atípicos – objetos geralmente usados para outros fins que não a produção de som: enxadas, sapatos de salto alto, bocha, cachimbos de plástico, missangas…”
LOCAIS
CCJF - Centro Cultural Justiça Federal
Av. Rio Branco, 241 - Cinelândia - Rio de Janeiro - RJ, 20040-009
Coletivo Papo Reto
R. Padre Januário, 14 - Inhauma, Rio de Janeiro - RJ, 20765-140
Coletivo Fala Akari
Ao lado do Gigantão - R. União, 5c - Acari, Rio de Janeiro - RJ, 21531-660
Tropigalpão
Rua Benjamin Constant, 118 - Glória - Rio de Janeiro - RJ, 20241-150
Praça 24 Outubro
Inhaúma, Rio de Janeiro - State of Rio de Janeiro, 20765-180
EQUIPE
CONCEPÇÃO
Giuliano Obici, Tato Taborda, Ricardo Basbaum
COORDENAÇÃO GERAL
Giuliano Obici
SOMARUMOR
Camila Machado, Felippe Mussel, Antônio Pavani, Flavia Goa, Gabriela Nobre, Giuliano Obici, Julia Plum, Júlia Vita, Leo Alves, Levi Levita, Marcello Magdaleno, Nubia Mobo, Pedro Albuquerque, Ricardo Basbaum, Tato Taborda
CURADORIA RESIDÊNCIA
Buba Aguiar, Thainã Medeiros, Giuliano Obici, Ricardo Basbaum, Tato Taborda
CURADORIA BIENAL + MOSTRA
Bienal Escuta
Rayya Badran, Guely Morato, Luísa Santos, Dayang Yraola
Curadores Associados Bienal Escuta
Bojana Knezevic, Isuru Kumarsinghe e Sara Mikolai, Gentian Meikleham, Debashis Sinha, Elif Gülin Soğuksu, Lucia Udvardyova e Budhaditya Chattopadhyay, Israel Martínez, Yang Yeung
Diretores artísticos Bienal Escuta
Brandon LaBelle com Annette le Fort e Octavio Camargo
Sessão Escuta
Gabriela Nobre, Giuliano Obici, Leo Alves, Flavia Goa, Levi Levita, Marcello Magdaleno, Nubia Mobo, Pedro Albuquerque
DESIGN GRÁFICO
Nubia Mobo, Maria Oliveira, Levi Levita
Núbia Mobo
Núbia Mobo é uma artista, pesquisadora e produtora cultural, formada em Artes cursando Estudos de Mídia. Seu trabalho artístico abrange arte sonora, plástica e audiovisual, explorando questões ambientais, tecnológicas e subjetivas. Como produtora, promove a arte sonora e integração das artes. Membro do grupo de pesquisa SOMA: Som nas Artes, atuou em conferências e festivais, como o Festival de Arte Sonora Tsonami. Participa do SomaRumor desde primeira edição. Recebeu o Prêmio Ideias Criativas em 2021 e curou a Mostra virtual Loutéqui apoiado pela Prefeitura Municipal de Niterói.
Gabriela Nobre
Gabriela Nobre é artista sonora e poeta nascida no Rio de Janeiro. Desde 2016, atua na cena experimental com seu projeto b-Aluria. É doutoranda em Estudos Contemporâneos das Artes, na UFF, e mestra em Língua e Literaturas Francófonas pela mesma instituição. É curadora do selo independente Música Insólita, que se desdobra em um site de conteúdo sobre música experimental brasileira.
Camila Machado
Camila Machado é pesquisadora e cineasta especializada em som. Bacharel em Comunicação/Cinema e mestra pela Universidade de Brasília. Especialista em som formada pela Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños. Pesquisa som como patrimônio imaterial e político e realizou o projeto Sonário do Sertão que consiste na formação de um acervo virtual de sons. Atualmente, cursa o doutorado em Artes Contemporâneas na Universidade Federal Fluminense. Como técnica e editora de som trabalha em filmes brasileiros independentes e autorais.
Julia Vita
Júlia Vita publicou “Alga Viva” (Córrego, 2019). Cofundou o grupo de produções poéticas Laboriosa (RJ). Possui poemas em revistas virtuais e na impressa Piparote. Integrou equipe de curadoria da exposição Momento Corrente (UFF, 2019) e produziu a residência Arte, Cura & Rituais (2020), junto ao Orgâni.co Atelier e ao PPGCA/UFF. Compôs exposição coletiva no CMAHO (RJ, 2020). Recebeu o prêmio Erika Ferreira/SMC-Niterói, e Cultura nas Redes/SECEC-RJ, em 2020. Integrou a produção do II Festival SomaRumor, onde foi monitora de oficina de Web Poemas. Prestou consultoria à peça Pororoca de Asfalto e Melanina (SP Escola de Teatro). Integrou a equipe de produção do projeto III Festival SomaRumor, premiado pelo edital FOCA (RJ, 2022). Ministrou a disciplina Poéticas Tecnológicas, na graduação de Artes (UFF). Em 2023, foi premiada pela chamada de Ativos Culturais (SMC/Niterói). Atualmente trabalha com Acompanhamento Literário e Preparação de Originais.
Felippe Mussel
Felippe Mussel é realizador audiovisual e Sonidista. É responsável pelo som de mais de 40 filmes brasileiros nos últimos 15 anos e recebeu prêmios em festivais de cinema no Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Dirigiu o longa-metragem Em busca de um lugar comum (2012) e o curta Espectro Restauración (2022), filmes exibidos em eventos internacionais dedicados ao documentário ao cinema experimental (Jihlava IDFF, Kassel Doc, FICValdivia, L’Alternativa Barcelona, entre outros). É doutorando no Programa de Estudos Contemporâneos das Artes da UFF com bolsa CAPES, onde pesquisa as potências cosmopolíticas do som no campo das artes.
Flavia Goa
Flavia Goa, mora no subúrbio do Rio de Janeiro, promove eventos de arte sonora. Guitarrista e beatmaker, atua como curadora de eventos de música independente, incluindo o F(r)esta Festival de Improvisação e Performance. Participa da rede de Transvida, auxiliando mulheres de comunidades. É mprovisadora versátil, tocando violino e guitarra em shows com artistas como Marco Scarassatti e Lea Taragona. Lançou álbuns como "Moto-Perpétuo" (2022( e "Conto Cibernético" (2019) com menções na The Wire Magazine.
Levi Levita
Levi Levita é artista multimídia, pesquisa Arte Eletrônica e Programação Criativa voltados para as Artes e Design. Sua produção transita entre artes visuais, sonoras e digitais explorando poéticas híbridas em seu projeto solo L3V1AT4.
Julia Plum
Julia Plum é cientista social (PUC-Rio/Københavns Universitet) e artista interdisciplinar. Seu interesse está ligado à música, escrita e imagem, explorando temas como corporalidade, espiritualidade, queerness e negritude. Tendo a ameixa como ponto de partida, Plum busca conexões entre esse fruto escuro e híbrido, seu próprio corpo e processos artísticos, explorando a fluidez entre a casca azeda e a doçura da carne. Em 2020, expôs o processo ''O Manifesto das Ameixas'' - na exposição em 3D ''Antes Tarde do Que Nunca'', na Casa Bicho, Rio de Janeiro. Em 2019, expôs o processo coletivo ''Bonita - Desconstruções Corpográficas'', na Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
Pedro Albuquerque
Pedro de Albuquerque Araujo é contrabaixista doutorando em Poética Musical na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Possui mestrado em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas e é especialista em Filosofia Contemporânea. Formado em Educação Artística com ênfase em Música tem experiência como professor substituto na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Além de músico ativo na cena, tem participado de congressos, colóquios e eventos relacionados à música e filosofia. Sua pesquis de doutorado é sobre escuta e práticas sonoro-musicais.
Marcello Magdaleno
Marcello Magdaleno, músico e saxofonista do Rio de Janeiro, é versátil em performance, som, vídeo e poesia. Arquiteto formado (UFRJ, 1996) e mestre em Artes pela UFF, ele está prestes a lançar seu álbum de estreia, "Astronáutico", até o final de 2023. Seu trabalho foi destacado em diversas apresentações, incluindo Espaço Sérgio Porto (Rio de Janeiro), Fundação José Saramago (Lisboa, 2014 e 2016), Tedx Luanda, Sesc 24 de Maio (São Paulo, 2017), e locais internacionais como Otro Tipo (Montevidéu, 2022) e Poetry House (Nova York, 2016). Além disso, suas criações sonoras foram apresentadas em festivais renomados como MonteAudio 2020 (Uruguai) e Tsomani 2020 (Chile). Magdaleno também colabora com o projeto "Sobre o Mar" desde 2012, ao lado do escritor Ondjaki. Suas trilhas sonoras foram destaque em festivais de cinema no Rio (2009 e 2010), Cine PE (2010) e outros.
Leo Alves
Leo Alves Vieira é artista sonoro e compositor brasileiro, trabalha desde música escrita, até performances e instalações, passando por peças eletroacústicas, lançadas em selos de música experimental dentro e fora do Brasil. Já assinou trilhas para teatro e curtas, e também faz ativismo por direitos humanos. Formado em composição pela Escola de Música da UFRJ está terminando o mestrado no Programa de Estudos Contemporâneos das Artes (PPGCA-UFF). Já foi curador e produtor de festivais, além de ter sido professor de músicas em diversas escolas e atualmente, além dos estágios de docência dentro do programa, dando aulas particulares de composição, violão e harmonia.
Antonio Leão
Antonio Leão é Artista Sonoro, Músico compositor, Graduando em Artes pela UFF. Trabalha com sons sintéticos/eletrônicos. Multi-instrumentista e estudante de Teclado/Piano, Baixo elétrico e alguns instrumentos de percussão, como Caixa, Pandeiro e Tamborim. Paralelo a graduação em artes estuda música pela Escola de Música Villa Lobos.